1337 - O MISTÉRIO DA RUA 7
1.
MISTÉRIO DA RUA 7 (VANISHING ON 7TH STREET, USA 2010) - O filme partilha dessa mesma premissa moral com uma
novidade: a mescla do subgênero ficção científica pós-apocalipse com o terror.
O resultado é um surpreendente encontro entre a religião e o pensamento
ecologicamente correto que encobre a velha estrutura clichê moralista da
narrativa hollywoodiana: quebra-da-ordem-e-retorno-a-ordem, isto é, a punição
dos personagens que ousam quebrar a ordem moral, política, social e, no caso
desse filme, o pensamento ecologicamente correto. O filme
inicia até com uma interessante sacada metalinguística. O projecionista Paul
(John Leguizamo) exibe a comédia mais recente de Adam Sandler enquanto folheia
um livro sobre demônios antigos. Entediado, critica o filme como previsível
desde o início. De repente as luzes se apagam e todos no cinema desaparecem,
deixando para trás suas roupas, com exceção de Paul que estava com uma
lanterna.Nas próximas sequências vemos outros três personagens (o repórter de
TV Luke - Hayden Christensen – a fisioterapeuta Rosemary – Thandie Newton – e o
quase órfão James – Jacob Latimore) que sobrevivem em refúgios de luz enquanto
todos vão desaparecendo ao redor. Os dias estão ficando mais curtos e a
escuridão mais longa. Logo percebem que há em meio à escuridão vozes e
vultos ameaçadores, seres de origem desconhecida à espera de que as luzem se
apaguem para sumirem com as pessoas desse mundo. Mas
em “Mistério da Rua 7”
temos uma novidade: a entrada do discurso ecológico como uma nova base moderna
para o fundamentalismo moral. O subgênero cinematográfico com temas
apocalípticos parece adotar a temática ecológica para criar um novo tipo de
moralismo onde todas as catástrofes do planeta (tsunamis, terremotos, nova era
glacial etc.) seriam decorrentes dos pecados humanos. Tecnologias “sujas”
(química-industrial) como decorrência direta da mentalidade suja e decadente da
humanidade. O fundamentalismo ecológico encontra-se com o puritanismo moral.