quinta-feira, 24 de maio de 2012

1340 - UM CONTO CHINÊS

UM CONTO CHINÊS (UM CUENTO CHINO, ARGENTINA, 2001) o filme é uma dessas joias que, felizmente, o cinema portenho vem nos oferecendo há alguns anos. É incrível como os argentinos desenvolveram a capacidade de contar com simplicidade, bons diálogos e ótimos atores uma história cotidiana que em mãos menos hábeis não teria o mesmo resultado. “Um Conto Chinês” prima pelo bom humor e pela capacidade de se fazer bom cinema com donaire, sem efeitos de câmera publicitária como gostam os diretores brasileiros, e para grandes plateias. E eles ainda têm a sorte de contar com patrimônio nacional, que é Ricardo Darín, sustentando sozinho esta comédia dramática do diretor Sebastián Borensztein. Enxuto no tom, austero na encenação, simples mas preciso na execução e primorosamente escrito, o filme se alinha a uma corrente que vem ganhando corpo no cinema argentino: competência no drama sentimental (sem os arroubos tradicionalmente trágicos em excesso que caracterizam a “anima” portenha), no realismo  intransigente, na vocação memorialista e no experimentalismo. Aqui, o choque de culturas ganha novos contornos ao colocar frente a frente, num golpe do destino, um chinês perdido em Buenos Aires e o metódico e rabugento dono de uma pequena loja de ferragens, vivido com brilhantismo por Darín. É deste encontro inusitado que vai aflorar um resgate marcante com emoção perdida nos desvãos das vidas de duas pessoas tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão idênticas na capacidade de experimentar a própria dor.