(ARBITRAGE, USA 2012) - Dos filmes recentes que têm o colapso econômico como pano de fundo, A Negociação é o mais acessível, porque não é preciso entender a crise para se conectar com o dilema moral que está no centro da trama. Ao sujeitar o protagonista a um impasse duplo, o roteirista e diretor Nicholas Jarecki (The Informers - Geração Perdida) os torna uma coisa só: responder pela morte da amante equivale a responder pela fraude, e vice-versa. Um tema árido, o subtexto financeiro, então se torna mais palatável, na forma do thriller de adultério. E se tem um ator que entende de história de traição - fora Michael Douglas - é Richard Gere. Em A Negociação ele não só refaz com Susan Sarandon o casal partido de DANÇA COMIGO como repete seus cacoetes já vistos em filmes de triângulos amorosos como Desejos e INFIDELIDADE. Não há nada mais familiar do que já saber, nas cenas mais tensas, que Gere vai piscar os olhos mais rápido para transmitir nervosismo. Se o ator acabou indicado ao GLOBO DE OURO por A Negociação, não foi porque surpreendeu no papel - foi porque confirmou seus tiques mais eficientes.