sábado, 2 de agosto de 2014

2365 - QUESTÃO DE TEMPO

(ABOUT TIME, UK 2013) - Escrito e dirigido por Richard Curtis, que é um diretor que eu adoro. Aos 21 anos, Tim (Domhnall Gleeson) descobre que, como todos os homens de sua família, tem uma habilidade incomum: é capaz de viajar de volta no tempo para qualquer ponto de sua vida. Basta se trancar no quarto, pensar bem no instante para o qual deseja retornar, e pronto – lá estará ele, revivendo uma situação já conhecida e, com sorte, saindo-se melhor nela que da primeira vez. É um dom que vem a calhar quando o tímido e atrapalhado Tim se apaixona por Mary (Rachel McAdams – e quem não se apaixonaria?), ou quando seu pai (Bill Nighy) conta a ele que está à morte. Mas o que significa viver a vida? Refazê-la sempre melhor ou aprender a apreciá-la no momento em que ela está acontecendo? Aí está um questionamento interessante. Como em todos os filmes escritos e/ou dirigidos por Richard Curtis (SIMPLESMENTE AMOR e NOTTING HILL, por exemplo), aqui não há gente mesquinha nem dor que não possa ser aliviada com algum amor. E é porque Curtis acredita sinceramente no poder da gentileza, que o resultado é tão cativante. Os diálogos são inspirados no típico humor sutil inglês, e há sempre uma delicadeza permeando as situações, mesmo as mais densas e inesperadas. Destaque para Bill Nighy – seu personagem é aquele pai que todos gostariam de ter tido. A presença de Rachel McAdams é o belíssimo toque americano no cenário britânico. E que toque: acho que não há nada que resista àquele sorriso. O mais interessante no filme, a meu ver, é pensar que a possibilidade de voltar ao próprio passado para consertar alguma coisa pode mostrar que o melhor ainda é termos nossa atenção voltada para o presente e tirar dele o que há de belo e poético. Em muitos momentos da minha vida, eu gostaria de ter tido a chance de voltar e fazer diferente, mas como isso não é possível, o melhor mesmo é descobrir que o presente pode ser, de fato, um presente.