domingo, 14 de dezembro de 2014

2476 - OS HOMENS SÃO DE MARTE, E É PARA LÁ QUE EU VOU

(BRASIL, 2014) - Parece-me bastante razoável a dinâmica que os movimentos de libertação social apresentam juntamente com períodos de repressão espontânea. Foi assim com os hippies que. com toda a sua filosofia do desapego material, acabaram gerando os engravatados yuppies, e o feminismo exacerbado, que deu origem a uma geração de mulheres desesperadas por preencher vazios existenciais com o sexo oposto. É exatamente aí que esta comédia escrita e protagonizada por Monica Martelli se apresenta como uma aparente apologia à independência da mulher, mas que, na verdade, se transforma, desde a primeira cena num discurso descerebrado à dependência afetiva e à irrefletida luta contra a solidão. A personagem de Monica passa por várias experiências afetivas frustradas até - pasmem! - se sentir realizada por "ter uma foto sua vestida de noiva na parede da sala". Logo, ter um marido supera a importância do marido em si. Martelli diz que “ama estar apaixonada” e é “apaixonada pelo amor". Uma percepção de relacionamento que está mais para autoafirmação e a vaidade do que para a união de qualidade entre duas pessoas. Se o filme retrata o pensamento geral das mulheres do segundo milênio, é de se lamentar que, neste aspecto, o entendimento das relações afetivas tenha evoluído tão pouco. Está claro que a independência emocional está longe de ser alcançada tanto por homens como por mulheres. Triste, muito triste.