quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

2556 - O PODEROSO CHEFÃO II





O PODEROSO CHEFÃO II (THE GODFATHER II, USA 1974) – Sempre que revejo os dois filmes em sequência, como fiz agora com Giovanni, fico na dúvida de qual é o melhor. O primeiro GODFATHER é perfeito, tem uma narrativa linear, clássica e, claro, Marlon Brando. Nesta sequência, que para muitos supera o filme original, Coppola estende o desespero e o niilismo da saga dos Corleones. Fico na dúvida, confesso (o que não é um problema, pois adoro dúvidas). Esta continuação é toda assombrada pelo espectro do primeiro filme. Por isso, é mais sombrio, profundo e possivelmente mais envolvente na sua elaboração de como a corrupção gerada pelo poder resulta em uma completa decadência moral. As sequências, os planos gerais, a temática do controle absoluto sobre tudo e sobre todos refletem deliberadamente o original, mas, durante o filme, sentimos que a história é mais triste e levada a uma escala muito maior, em função dos flashbacks complexos – e ao mesmo tempo naturais – que entrelaçam os dois Corleones, Vito (Robert De Niro) e Michael (Al Pacino). Vemos Michael se dilacerando aos poucos. Sua irmã o odeia pela morte do marido, seu irmão o trai, sua esposa tem medo e seus filhos são muito pequenos para entender o que se passa naquele universo de desconfiança e isolamento. Michael vai ficando cada vez mais só, à medida em que ganha poder, ao contrário de seu pai, que era sozinho e vai se tornando um homem cercado de pessoas que o amam, o admiram ou o temem. Mais uma vez o fechamento dos ciclos é cuidadosamente construído, como na cena final, em que Michael tem de decidir por um caminho que, mais uma vez, o leva à sua inexorável solidão. Uma aula de cinema – esta é que é a verdadeira realidade.