segunda-feira, 23 de março de 2015

2570 - COMO ESQUECER


COMO ESQUECER (BRASIL 2010) – Finalmente, vejo um filme brasileiro bem acima das produções vazias de conteúdo que vêm se tornando um triste retrato do cinema nacional contemporâneo, como bem disse Paulo José em uma entrevista recente. A dor da perda da pessoa amada está ao centro de "Como Esquecer", um drama de Malu de Martino ("Mulheres do Brasil"). Como protagonista, está Ana Paula Arósio (que está a cara da Rachel Weiss, olhe só, aí do lado), interpretando a professora universitária Júlia, cuja separação da ex companheira Antonia causa uma grande ruptura em sua vida. COMO ESQUECER é um filme sobre deixar de lado velhas rotinas para abraçar o novo, seja ele um amor, uma casa ou um grupo de amigos. Sem saber lidar com a dor, Júlia se fecha em si mesma e passa evitar as pessoas, tem dificuldades para preparar suas aulas e não poupa ninguém de seu mau humor e ódio do mundo. Ana Paula Arósio, supreendentemente, para mim, está muito bem no papel, contida na medida certa, tensa e angustiada diante de uma existência nova, na qual o grande amor da sua vida não mais está. Se por um lado há uma boa dose de previsibilidade na trama, por outro, a sólida interpretação de Ana Paula traz um vigor muito bem-vindo ao filme. Júlia é uma personagem chata, beira o insuportável, mas a atriz é capaz de trazer à tona sua essência humana e fazer com que o público simpatize e torça por ela, ao menos, o mínimo necessário. Se há outro aspecto que chama a atenção do longa é a maneira como ele retrata o corpo da mulher, com sensibilidade e sensualidade femininas, diferente do voyeurismo masculino, a que o cinema, geralmente dirigido a partir da visão do homem, tanto se fartou de mostrar, com elegância ou não.