quarta-feira, 29 de julho de 2015
2672 - LOBO
LOBO (WOLF, USA, 1994) – Revisto hoje, LOBO ainda é um ótimo filme de suspense e
mistério, que flerta com o horror clássico, e que funciona muito bem,
principalmente por contar com um protagonista como Jack Nicholson. Nenhum outro
ator poderia dar, num filme supostamente sério, credibilidade a um personagem
que, após ser mordido por um lobo, passa a se transformar em um, nas noites de
luar cheia, claro. Curiosamente, a palavra “lobisomem” nunca é pronunciada na
história. Carregando a mão no erotismo, sem apelar para a grosseria, Mike Nichols,
diretor de A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (1967), procura fazer uma reflexão sobre
as possibilidades de os instintos primais do homem aflorarem frente às castrações
civilizatórias. Apesar de amaldiçoado com o estigma da licantropia, Will
Randall (Nicholson) tem a sorte de encontrar Laura (Michelle Pfeiffer), carente,
em meio a uma ingente crise existencial, e ela, claro, se apaixona por ele. Sujeito
de sorte, não? É notável como Nicholson, sem alterar a voz e com um mínimo de maquiagem
(embora lembre um pouco o Wolverine), consegue demonstrar suas reações, à medida
que o lobo dentro dele vai se manifestando. Atenção para a cena em que ele
declara seu amor por Laura – é um momento “a bela e a fera” emocionante. Se Nicholson
acaba fazendo um ótimo lobo, Michelle Pfeiffer não poderia estar mais gata.