O MESMO AMOR, A MESMA CHUVA (EL MISMO AMOR, LA MISMA LLUVIA, Argentina, 1999) – Na Argentina de 1980, Jorge (Ricardo Darín) é um jornalista que escreve contos românticos para uma revista. Ele é talentoso, uma promessa literária, mas receoso demais em mergulhar de vez no mundo da literatura. Numa noite tempestuosa, Jorge encontra Laura (Soledad Villamil), uma atriz que ganha a vida como garçonete, e fica fascinado ao vê-la na chuva. Eles se aproximam e vivem um romance durante um ano e meio. O namoro dos dois, que atravessa a Guerra das Malvinas, o fim da ditadura militar e o início do governo Alfonsín, se desgasta pela infidelidade dele e é rompido. No final dos anos 90, Jorge é um crítico de arte desiludido, corrompido, e Laura uma bem-sucedida produtora cultural e – como o próprio nome do filme entrega – eles se reencontram. O roteiro acompanha a história dos protagonistas por vinte anos e vai mostrando com extrema habilidade as transformações que os fatos sociais, fracassos e realizações fazem na história de cada um. Tanto personagens como situações são críveis demais e poderiam fazer parte da vida de qualquer pessoa. Esse é, talvez, o maior mérito do cineasta Juan José Campanella: fazer poesia do banal, do corriqueiro, e nos transportar para dentro de seus filmes. O filme é lindo, a começar pelo título. Em determinado momento, Jorge diz a Laura: “O amor não é linear...”. Esta verdade nos toma como um hausto de saudade, ainda mais quando vivemos num mundo tão infenso aos sentimentos que podem durar para sempre. A vida é mesmo constituída de desencontros, e devermos aprender com eles. Pois sempre pode haver um reencontro.