CAPITÃO FANTÁSTICO (CAPTAIN FANTASTIC, USA, 2016) –
CF é um filme pequeno e modesto, mas que acaba impressionando exatamente por
esta falta de pretensão: é a história de um pai (Viggo Mortensen, magnífico)
que cria, sozinho, os filhos, no meio do mato, pensando na educação deles como
uma missão suprema, mesmo que com valores e conceitos na contramão do que é
considerado “normal”. Ben Cash (Mortensen) é um radical anti-sociedade de
consumo que dá aos filhos toda a disciplina – quase espartana, diga-se – necessária
para o aprendizado de literatura clássica e moderna, história e atualidades, física
e atualidades. Um fato os fará a ter um contato com a sociedade moderna, e o
diretor Matt Ross aproveita para tirar daí a hilaridade – e reflexão - esperada
deste tipo de choque cultural. CF resgata a impressão do mundo como algo vasto
esperando ser explorado, de uma beleza instigante que sobressai aos olhos infantis
e adolescentes (lembrei algumas vezes de A COSTA DO MOSQUITO, com Harrison
Ford) e é uma crítica aos valores da sociedade de consumo. Além, claro, de exaltar
a figura de Noam Chomsky, citado várias vezes por Ben. O grandíssimo Frank
Langela está excelente, numa atuação marcante, como o sogro de Ben e seu crítico mais feroz.