segunda-feira, 26 de junho de 2017

2972 - ATÉ O ÚLTIMO HOMEM

  
Garfield, como Doss, sem perceber o rifle em suas mãos
   ATÉ O ÚLTIMO HOMEM (HACKSAW RIDGE, USA/AUSTRALIA 2016) Dirigido por Mel Gibson com fibra, fortes doses de ufanismo e um virtuosismo impactante – principalmente nas cenas de carnificina explícita, nos seus detalhes mais sangrentos – o filme é uma homenagem ao soldado Desmond Doss, adventista inflexível, que, na segunda grande guerra, se alistou voluntariamente, mas se recusava a pegar em armas. Manteve-se fiel à sua crença, estoicamente, mesmo sofrendo as mais impiedosas cargas de escárnio, por parte dos colegas de batalhão, e dos horrores da guerra propriamente dita. Andrew Garfield se incumbe com competência do papel de Doss, embora lhe falte, em alguns momentos, algo que nos faça criar uma empatia imediata com os valores de um soldado que foi para a guerra sem querer lutar, apenas para poder ajudar todos os envolvidos – inimigos ou não – a ter uma chance de sobreviver ao absurdo que qualquer conflito desta natureza representa. Hugo Weaving, por outro lado, tem, de longe a melhor atuação do filme, como o pai alcoólatra de Doss que, depois de ter tido vários conflitos com o filho, o apoia diante da corte marcial, numa sequência dramaticamente perfeita, construída apenas de silêncios significativos. Comovem as cenas reais de Doss, no fim de um filme cuja visceralidade poderia tê-lo transformado num dos grandes filmes de guerra de todos os tempos, mas que resvala em um sentimentalismo que compromete a percepção do espectador mais atento à verdadeira linguagem cinematográfica.