sexta-feira, 23 de junho de 2017

2968 - KÓBLIC

     
Darín, estupendo...
 
KÓBLIC (Argentina, 2016) – Ricardo Darín é obrigatório. Aqui ele é Kóblic, um ex-capitão da Marinha que, durante a ditadura argentina, vai para uma pequena cidade com o intuito de levar uma vida normal. Sua chegada, no entanto, atrai o olhar de curiosos, principalmente do delegado local que decide investigá-lo. Kóbick era o responsável por coordenar as operações aéreas conhecidas como os "voos da morte", onde elementos considerados subversivos eram arremessados vivos ao mar de dentro dos aviões. Atormentado com as lembranças das pessoas pedindo ajuda, ele decide largar tudo e se refugiar, incógnito, dentro do possível, num lugar em que ninguém o conheça. Darín é mesmo um excepcional ator: o trabalho que desenvolve com seu personagem é magistral – em vez de nos entregar o choro fácil de um oficial arrependido, ele mostra todo o seu sofrimento através de pequenos gestos e olhares sublinhados por um silêncio imenso, fugindo do óbvio universo da figura de alguém traumatizado com os horrores produzidos naqueles anos terríveis na Argentina. Ricardo Darín é um dos maiores atores da atualidade. A direção de arte e de fotografia são apresentadas com perfeição. A lógica visual do longa é muito bem-feita, utilizando cores frias e quase neutras, que servem para simbolizar monotonia da aldeia ou até mesmo o sentimento de tristeza daquele momento político do país.