KÓBLIC (Argentina, 2016) – Ricardo Darín
é obrigatório. Aqui ele é Kóblic, um ex-capitão da Marinha que, durante a
ditadura argentina, vai para uma pequena
cidade com o intuito de levar uma vida normal. Sua chegada, no entanto, atrai o
olhar de curiosos, principalmente do delegado local que decide investigá-lo.
Kóbick era o responsável
por coordenar as operações aéreas conhecidas como os "voos da morte",
onde elementos considerados subversivos eram arremessados vivos ao mar de
dentro dos aviões. Atormentado com as lembranças das pessoas pedindo ajuda, ele
decide largar tudo e se refugiar, incógnito, dentro do possível, num lugar em
que ninguém o conheça. Darín é mesmo um excepcional ator: o trabalho que
desenvolve com seu personagem é magistral – em vez de nos entregar o choro
fácil de um oficial arrependido, ele mostra todo o seu sofrimento através de
pequenos gestos e olhares sublinhados por um silêncio imenso, fugindo do óbvio
universo da figura de alguém traumatizado com os horrores produzidos naqueles
anos terríveis na Argentina. Ricardo Darín é um dos maiores atores da
atualidade. A direção de arte e de
fotografia são apresentadas com perfeição. A lógica visual do longa é muito
bem-feita, utilizando cores frias e quase neutras, que servem para simbolizar
monotonia da aldeia ou até mesmo o sentimento de tristeza daquele momento
político do país.