TULLY
(USA, 2018) – Abordando um assunto raro no universo cinematográfico
– a depressão pós-parto – o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody realizam
um filme primoroso. Só uma atriz com o talento de Charlize Theron poderia dar
conta de um personagem tão complexo: mãe de três filhos, uma menina de oito, um
garoto autista e um recém-nascido, além de um marido meio indiferente a tudo que está
acontecendo, Marlo (Charlize) decide contratar uma babá noturna (Mackenzie
Davis) e acaba tendo com ela uma profunda ligação. Escondidinho no cardápio do Prime. Approaching an unusual
subject in movies – post-natal depression – director Jason Reitman and the
writer Diablo Cody make an outstanding movie. Only a talented actress as Charlize
Theron could play such a complex
character: mother of three, an eight-year-old girl, an autist boy and a newborn;
besides an aloof husband, Marlo (Charlize) decides to hire a nanny named Tully
(Mackenzie Davis) to help take some pressure off her, and with whom she ends up forming
an unexpected deep bond. Easily found in the Prime index.
REVENGE
OF THE CREATURE (USA, 1955) – Continuação muito
ruim do clássico O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954). A boa fotografia submarina é
a única coisa que se salva nesta produção com claríssimas restrições orçamentárias,
um enredo pobre e atuações sofríveis. Sim, é um filme B, mas também não
precisava tamanha esculhambação. Talvez valha a pena dar uma olhada, porque
Clint Eastwood faz sua primeira participação no cinema, numa ponta, não creditada. An extremely lousy sequence of
CREATURE OF THE BLACK LAGOON (1954). The arresting underwater photography is
the only highlight in this low budget production; the plot is poor as well as
the performances. Yes, it is a B movie, but such a mess could have been avoided. Maybe
it is worth seeing Clint Eastwood in his first uncredited participation in a
movie.
JOHN
WICK 3: PARABELLUM (USA, 2019) – Não dá para negar
que John Wick é um personagem violentamente literário: no primeiro filme, ele
mata três homens com um lápis; neste, despacha um adversário com – o que mais
poderia ser? – um livro. Neste terceiro capítulo da série, a violência com
jeito de comédia continua em alta voltagem, com cenas de ação e luta cada vez
mais elaboradas e situações absurdamente – e irresistivelmente – fascinantes. Claro
que tudo dá certo porque Keanu Reeves pilota tudo com aquele ar meio blasé e incrivelmente
convincente. É evidente que um produto como JW só funciona mesmo para quem
gosta. Se não é sua praia, nem tente. “Parabellum” significa “preparação para a
guerra”. Portanto, o próximo JW vem
mesmo para arrasar. It is undeniable that John Wick is a violently literary
character: in the first movie, he kills three men with a pencil; in this edition,
he eliminates an adversary with – what else - a book. This third chapter, the
violence intertwined with comedy is still present and action and fight scenes irresistibly
fascinating. Of course, everything works because Keanu Reeves, blasé up to the
neck, is completely convincing. The JW product is only for fans. If it is not
your cup of tea, do not even try. “Parabellum” means “preparation for war”. Therefore,
be prepared for the coming fourth edition.
FLASH
GORDON (USA, England, 1980) – O produtor italiano
Dino De Laurentiis já tinha afrontado o mundo do cinema com uma versão malfeita
de KING KONG, em 1976. Não satisfeito, resolveu investir pesado na refilmagem de
Flash Gordon, o herói espacial criado por Alex Raymond. Megalômano e um pouco
sem noção, ele queria Arnold Schwarzenegger como astro principal e Federico
Fellini na direção. Não conseguiu nenhum dos dois, e, revista hoje, a aventura
se revela uma divertida comédia com visual espalhafatoso e atores de várias nacionalidades
falando um inglês abaixo do nível. O ator que faz Flash, Sam J. Jones, é ruim
de doer, mas divide cenas com o grande Max von Sydow e a bela Ornella Mutti. A trilha
sonora do QUEEN torna tudo palatável e, sem ironia, altamente psicodélico. The Italian producer Dino De Laurentiis had already
affronted the universe of cinema with a lousy version of KING KONG, in 1976. Dissatisfied
with the result, he decided to invest heavily on the remake of FLASH GORDON,
the special hero created by Alex Raymond. Megalomaniac and a little bit out of
it, he wanted Arnold Schwarzenegger as the star and Federico Fellini as the
director. He could not get any of them. Revised today, the adventure has become
an amusing comedy with flashy looks and multinational actors speaking something
that barely resembles the English language. The actor who plays Flash, Sam J. Jones,
is painfully bad but shares scenes with the great Max von Sydow and the
ravishing Ornella Mutti. The soundtrack, in charge of QUEEN, makes everything
more psychedelic (no pun intended).
O
DIA DO ATENTADO (PATRIOTS DAY, USA, 2016) – O diretor Peter
Berg é um patriota: seu trabalho reflete as histórias que compõem uma defesa
dos valores americanos mais arraigados. O filme acompanha o dia da Maratona de
Boston, em 2013, quando as bombas caseiras dos irmãos Tsarnaev transformaram um
dia de festa em uma carnificina. Mark Wahlberg, no papel do policial comum e
dedicado ao cumprimento do seu dever, simboliza o esforço da população para o
acolhimento das vítimas e para a perseguição aos Tsarnaev nos dias seguintes. Atenção
para a bela Melissa Benoist: nas poucas cenas em que aparece, ela toma conta da
ação, de forma suave e, ao mesmo tempo, intensa. Ainda no baita elenco, John Goodman, Michelle
Monaghan e o grande J.K. Simmons. The director Peter Berg is a patriot: his
work mirrors stories that embody a defense of the most rooted American values.The movie follows the Boston Marathon,
in 2013, when the Tsarnaev bothers’ homemade bombs made a happy day into a
carnage. Mark Wahlberg, playing a common police officer committed himself to his
job, symbolizes the population’s efforts to help the victims and track the Tsarnaev
on the following days. Attention to gorgeous Melissa Benoist: in her few
scenes, she is mesmerizing. The top-notching cast still has John Goodman, Michelle
Monaghan and the great J.K. Simmons.
GREEN
BOOK (USA, 2019) – Ganhador de três Oscar (inclusive de Melhor
Filme), GB é, antes de tudo, um libelo contra o racismo e, ao mesmo tempo, uma
homenagem à amizade transformadora que pode nascer em circunstâncias adversas. O
filme mostra a reviravolta na vida de Tony Lip (Viggo Mortensen) – um
ítalo-americano criado em uma família predominantemente racista – quando este
aceita trabalhar como motorista durante a turnê do renomado pianista negro Don
Shirley (Mahershala Ali) pelo sul dos Estados Unidos em plenos anos 60, época
em que a segregação racial fazia parte do cotidiano americano.
O tempero agridoce do roteiro e a boa atuação dos dois protagonistas ajuda a
amenizar as polêmicas surgidas com a família do músico, que desaprovou inteiramente
o resultado final. Winner of
three Oscar (Best Movie included), GB is, before anything, a libel against racism
and, at the same time, a homage to the transforming friendship that can thrive
in the most adverse conditions. The movie shows the turnaround in the life of
Tony Lip (Viggo Mortensen) – an American Italian raised in a predominantly racist
family – when he accepts to work as a driver for the black pianist Don Shirley (Mahershala Ali) through the South in the ’60s,
a time in which racial segregation was part of the daily life. The bittersweet
plot and the two main characters’ performances help to soften the controversies
with the musician’s family, who disapproved the final result.
A FÚRIA DE UM HOMEM PACIENTE (THE FURY OF A
PATIENT MAN, Espanha, 2016) – Este filme estrelado
por Antonio de La Torre (do sensacional A NOITE DE 12 ANOS, também na Netflix)
tem uma premissa simples: vingança. Conceitualmente, nada muito diferente de
filmes com a mesma temática. Contudo, a direção de Raúl Arévalo conduz o
roteiro previsível de forma a envolver competentemente o espectador num clima
de suspense, violência e ajuste de contas. Atenção para a primeira sequência,
em que um carro é perseguido pela polícia – é primorosa. This movie starred by Antonio de La Torre (THE
12-YEAR NIGHT, also on Netflix) has a simple premise: vengeance. Conceptually, nothing
very different from other movies with the same theme. However, the director Raúl
Arévalo leads the predictable plot to a competent involvement with the viewer,
including suspense, violence and unfinished business. Attention to the first car
chase sequence – it is quite well done.
STAR
TREK – THE CAGE (USA, 1966) – Este piloto não tinha Kirk, mas
sim o Capitão Christopher Pike, vivido com baixíssima vibração por Jeffrey
Hunter que, anos antes, havia feito o papel de Jesus, em REI DOS REIS. Em THE CAGE,
as linhas mestras do universo STAR TREK já despontavam, mas ainda com conceitos
meio indefinidos. Da tripulação, somente Spock (Leonard Nimoy) passaria para a
série canônica, felizmente com sua personalidade Vulcano/humana estabelecida da
forma que nos fascina até hoje. Neste episódio, falta humor e as atuações são
demasiadamente teatrais. This
pilot did not have Kirk, but Captain Christopher Pike, played with very low vibration
by Jeffrey Hunter who, a couple of years before, had played Jesus in KING OF
THE KINGS. In THE CAGE, the master lines of the STAR TREK universe are there,
but still through undefined concepts. From the crew, only Spock returned to the
canonic series, fortunately with his Vulcan/human personality that has been
fascinating us until today. This episode lacks humor and its cast overacts their
parts to the point of being unrealistic.
A
CASA DO LAGO (THE LAKE HOUSE, USA, 2006) – Uma história
que leva ao paroxismo a expressão “amor a distância”. É só ativar o modo “suspensão
de descrença” e mergulhar na história de Alex (Keanu Reeves) e Kate (Sandra Bullock,
insossa, como sempre), cujas vidas estão separadas por um período de dois anos.
A única forma de comunicação é através de cartas (meu ponto fraco) que, de algum
modo, conectam este descompasso temporal e, claro, fazem que eles se apaixonem.
Para quem ainda acredita no amor, é imperdível. Para quem se pergunta “e se vivêssemos
a vida toda e ninguém estivesse nos esperando?” também. This is a film that takes to the limit the expression
“love at distance”. Just activate the “suspension of disbelief” mood and take
the plunge into Alex (Keanu Reeves) and Kate’s (Sandra Bullock, insipid as
always) story. Having their lives separated by two years, the only means of communication
is through letters (my weak spot) that, somehow, connect this temporal mismatch
and, of course, make them fall in love with each other. For those who still
believe in love, it is unmissable. For those who ask themselves “what if you
lived your whole life and nobody was waiting?” too.
BOHEMIAN
RHAPSODY (USA, 2018) – A história do QUEEN, uma banda que aliava uma
espetacular performance teatral com uma impressionante capacidade musical,
representada por sua figura central, Freddie Mercury, é muito bem apresentada
por um diretor afeito a obras grandiosas. Bryan Singer. Rami Malek, que já se
destacara em MR. ROBOT, faz um trabalho extraordinário como Mercury. Oscar de
Melhor ator mais que merecido. A única sequência que ficou um pouco abaixo foi
exatamente a apresentação apoteótica no LIVE AID, na qual a recriação digital
de Wembley deixou um pouco a desejar. Outro destaque é a bela Lucy Boyton, como
Mary Austin, para quem Freddie compôs a belíssima LOVE OF MY LIFE. A director inclined to accomplish great
works, Bryan Singer, very well directs the story of QUEEN, a rock band that
allied a spectacular theatrical performance with an impressive musical talent,
symbolized by its central member, Freddie Mercury. Rami Malek, who had drawn
attention in MR. ROBOT, delivers a mind-blowing performance as Mercury. Best Actor
Oscar well deserved. The only sequence a little bit below the expectations was the
acclaimed show at LIVE AID, in which the digital recreation of Wembley left
something to be desired. The gorgeous and talented Lucy Boyton has distinguished
role as Mary Austin, for whom Freddie wrote the beautiful LOVE OF MY LIFE.
LOVE,
MARILYN (USA, 2012) – Vários atores interpretam trechos dos diários de
Marilyn e de cartas recém descobertas, onde fica evidente o sofrimento pelo qual
ela passava para provar que era uma boa atriz e a angústia de ter que viver permanentemente
dentro de um personagem. Um bom trecho com Arthur Miller sobre o período do
casamento com MM, e a confirmação do verdadeiro amor que Joe DiMaggio tinha por
ela, acolhendo-a nos seus piores momentos. Dois atores se destacam nas inserções
do diário: o grandíssimo Adrien Brody e a bela Evan Rachel Wood. Several actors interpret passages from Marilyn’s
diaries and from recently found letters, in which her suffering to prove that
she was a good actress becomes evident as well as her anguish of living permanently
inside a character. Two highlights: Arthur Miller about their marriage and Joe
Di Maggio’s true love for her, protecting her in her worst moments. Two actors
rock: the great Adrien Brody and the gorgeous Evan Rachel Wood.
A
MULA (THE MULE, USA, 2018) – Este filme de Clint Eastwood,
de certa forma, ou de todas, espelha o que foi parte de sua vida pessoal. Seu personagem,
Earl Stone, nunca foi um homem de família: adora paquerar, é bom de copo, dança
a noite inteira e nunca deixou de ser inconstante e inconsequente. Por isso,
sua família (ex-esposa, filha e neta) foi ficando pelo caminho, gerando ressentimentos
que, segundo Earl, só poderão ser amenizados se ele passar a participar financeiramente
do universo familiar – o vindouro casamento da neta lhe parece, então, uma ótima
oportunidade, já que passou a ganhar muito dinheiro transportando drogas para um
cartel mexicano entre o Texas e Illinois. O roteiro se baseia na ilusão de que a
vida será mais leve quanto menos atrelada a qualquer tipo de vínculo, mas também
acena para a possibilidade de uma velhice que não exclui prazer, jovialidade, desejo
de aventura e adrenalina na veia. De qualquer forma, é um filme de Clint Eastwood,
um dos maiores diretores/atores de cinema de todos os tempos: sensível,
delicado, corajoso e inspirador de reflexões para todas as idades. Além de tudo,
o elenco é excepcional: Bradley Cooper, Taissa Farmiga, Diane Wiest, Laurence
Fishburne, Andy Garcia e Michael Peña. This movie by Clint Eastwood mirrors, in a way,
what has been his own personal life. His role, Earl Stone, was never a family
man: he flirts, drinks a lot, dances all night long, and has always been inconstant and
inconsequential. Thus, his family (former wife, daughter and granddaughter) was
left behind, giving rise to resentments that, according to Earl, can only be softened
if he starts contributing financially to his family – his upcoming granddaughter’s
wedding seems to be a great opportunity, because he is now making a lot of
money taking drugs for a Mexican cartel between Texas and Illinois. The plot is
based on the illusion that life would be lighter if you do not have any emotional
ties, but it also points to an old age full of pleasure, joviality, yearn for adventure
and lots of adrenaline. Anyway, it is a Clint Eastwood film, one of the greatest
directors/actors ever: sensitive, delicate, bold and inspiring for anyone, of
any age, at any time.
MONSTER,
DESEJO ASSASSINO (MONSTER, USA, 2003) – O Oscar de Melhor
Atriz em 2004 para Charlize Theron é plenamente compreensível – ela realmente está
extraordinária no papel de uma prostituta assassina que se apaixona por uma mulher
(Christina Ricci, adorável). A maquiagem de Charlize esconde sua beleza e também
mostra seu imenso talento. Atenção para os extras, onde aparece a personagem
real e boas entrevistas com Charlize e a diretora Patty Jenkins. The Best Actress Oscar for Charlize Theron is
widely understandable – she is outstanding in the role of a killer hooker who
falls in love with a woman (Christina Ricci, lovely). Charlize’s make-up hides her
beauty and shows her huge talent. Attention to the extras, where the real character
can be seen and with some good interviews with Charlize and the director
Patty Jenkins.
DAVE,
PRESIDENTE POR UM DIA (DAVE, USA, 1993) – Este filme de Ivan
Reitman lida com uma abordagem comum na literatura como no cinema: o duplo. Dave
(Kevin Kline) é um pacato cidadão de Washington e, também a cara do Presidente americano,
Bill Mitchell. Quando este entra em coma, Dave é chamado para substituí-lo, até
que o plano do Secretário de Estado (Frank Langella, subaproveitado) de conseguir
a presidência seja concluído. O filme é simpático, ainda tem Sigourney Weaver,
como a primeira-dama, e Laura Linney, em início de carreira. E, claro, o magistral
Charles Grodin, em poucas, mas inesquecíveis cenas. Ivan Reitman’s movie deals with an ordinary approach
in literature and cinema: the double. Dave (Kevin Kline) é a common citizen in
Washington, and also the spit image of the American president, Bill Mitchell. When
the latter is in a coma, Dave is summoned to replace him, until the Secretary of
State’s plan (Frank Langella, underused) to gain the presidency is finished. The
movie is nice, and features Sigourney Weaver, as the first lady, and Laura
Linney, beginning her career. And, of course, the great Charles Grodin in few,
but memorable scenes.
Ed Harris e a dona do sorriso mais lindo do cinema...
KODACHROME
(USA, 2017) – A última loja que ainda trabalha com Kodachrome, um
tipo de filme especial para slides, vai fechar em alguns dias. Ben Ryder (Ed Harris,
grandíssimo), um famoso fotógrafo à beira da morte, quer revelar as fotos tiradas
por ele há mais de 40 anos, com este filme. De Nova Iorque, embarcam, neste sensível “road movie”, ele, o filho, Matt (Jason Sudeikis) e a enfermeira, Zooey
(Elizabeth Olsen, cujo sorriso deveria ser imortalizado como uma das mais belas
maravilhas do mundo), até a cidade no Kansas, onde está a loja. Ed Harris faz
tudo valer a pena – sua atuação é primorosa e, sobretudo, emocionante. Uma linda
homenagem à fotografia, construída com delicadeza e atenção com todos os detalhes
de uma história previsível, equilibrada no humor e no drama, e que nos faz ter
a familiar sensação de rever momentos de felicidade, quando, sem esperarmos,
abrimos uma gaveta ou puxamos um livro da estante e, com o coração destroçado, deixamos cair a foto da namorada
que nunca mais veremos. The
last store that still Works with Kodachrome, a special kind of film for slides,
is going to be definitely closed in a couple of days. Ben Ryder (Ed Harris, great),
a famous photographer, is dying and wants to develop the Kodachrome pictures he
took more than 40 years ago. From New York to a city in Kansas, where the store
is, Ben, his son, Matt (Jason Sudeikis), and his nurse, Zooey (Elizabeth Olsen,
whose smile should be immortalized as one of the most beautiful wonders of the
world), start a poignant trip. Ed Harris has a heartbreaking performance. A nice
homage to photography, constructed with care and an eye for the details of a
predicable story commendably balanced with humor and drama, and that makes us the
familiar sensation to revive moments of happiness when, unexpectedly, we open a
drawer or pull a book from the shelf and, with a broken heart, drop the photograph of the girlfriend we
will never see again.
PLANETA
TERROR (PLANET TERROR, USA, 2007) – Robert Rodriguez, neste
filme, leva o estilo “grindhouse” ao extremo, com a fotografia intencionalmente
precária (lembrando os filmes B nos anos 70), muito sexo, prostitutas, valentões
de beira de estrada e sangue, muito sangue. Claro que não é para ser levado a sério
e, por isso mesmo, diverte e levanta algumas questões para quem quiser analisar
o estilo também consagrado por Quentin Tarantino (que, aliás, está no elenco). Rose
McGowan acabou imortalizando um personagem que já habita o universo da cultura
pop: a stripper que usa uma metralhadora no lugar de uma das pernas. Bela homenagem
aos filmes B de todos os tempos. Robert
Rodriguez, in this movie, takes the grindhouse style to the extreme, with intentionally
precarious photography (reminding the 70’s B movies), a lot of sex, hookers, bullies,
and blood, plenty of blood. All this gore is not to be taken seriously and that
is why it is so amusing and raises some issues for those who want to analyze the
style also consecrated by Quentin Tarantino (who is also in the cast). Rose McGowan
immortalizes a character who is now part of the pop culture universe: the stripper
who has a machine gun as a leg prosthesis. Nice homage to the B movies of all times.
PRIVACIDADE
HACKEADA (THE GREAT HACK, USA, 2019) – A partir de três personagens,
o documentário mostra como a Cambridge Analytica, uma empresa que coleta não
autorizada de dados de usuários de redes sociais, teve papel decisivo nas eleições
americanas, no Brexit e em vários países. A manipulação de dados pessoais é tão
grande, que determina, em muitos casos, as vontades individuais. Talvez a única
falha do documentário seja o enfoque na figura dúbia de Brittany Kaiser, ex-diretora
de desenvolvimento da CA, que se passa a vazar as informações da empresa para a
imprensa, tentando se livrar da culpa que ela, não convincentemente, assume. A
ironia reside no fato de o documentário ter sido produzido pela Netflix, uma empresa
que monta seu catálogo a partir da mesma coleta de dados de seus usuários. From the point of view of three characters,
the documentary shows how Cambridge Analytica, a data-gathering enterprise, had
a decisive role in the American elections, the Brexit and in several countries.
The personal data manipulation is so extensive that it may determine individual
volitions. The only flaw of the documentary is the focus on the dubious persona
of Brittany Kaiser, former director of business development of CA, who happily
turned whistleblower and spilled everything she could on operations, trying to get
rid of the guilty she admits unconvincingly. The irony lays on the fact that
the documentary is produced by Netflix, a company that assembles its catalog from
the same system of data gathering.