Moça com brinco de pérolas (girl with pearl earrings, usa 2004) – revendo agora o filme, ainda acho-o delicado e belo, com a presença luminosa de Scarlett Johansson (22 de novembro de 1984) e o excelente Colin Firth (10 de setembro de 1960) no papel de Vermeer. Os longos silêncios que permeiam o filme ressaltam a beleza suave (neste filme) de Scarlett. Acho que vou usar este filme como suporte para o Mestrado, no sentido de rever a questão da imagem percebida diferentemente por pessoas diferentes. A cena em que Vermeer pinta o retrato dela é primorosa. O filme não merece aplausos somente por retratar uma fantasia da meia-idade: patrão arruma empregadinha que o entende melhor do que a patroa. No caso, Griet (Scarlett Johansson) o entende a ponto de, instruída a não mexer em nada no ateliê do mestre Vermeer (Colin Firth), perguntar à dona da casa se pode limpar os vidros empoeirados. Porque, só a jovem enxerga, isso mexeria no bem mais precioso: a luz. O olhar de Scarlett é tão mais notável quanto o do quadro que dá título ao filme, apesar de colocado num belo e fresco rosto, encima um corpo fora dos padrões sarados de beleza dos tempos que correm. Por isso, e mais que a poesia não ousa, o prazer de olhar de Scarlett Johansson – e o prazer de olhar para Scarlett Johansson – nos desperta sutis áreas de percepção.