sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

1002 - UM CRAQUE CHAMADO DIVINO


UM CRAQUE CHAMADO DIVINO (BRASIL, 2005) - Este documentário é uma homenagem a Ademir da Guia, o “Divino”, que chegou ao Palmeiras ainda garoto em 1961 e jogou até 1977, sendo o atleta com maior número de partidas pelo clube, foram 901 jogos e 153 gols marcados, sendo o terceiro artilheiro da história do palestra. O diretor Penna Filho se baseou na biografia de Ademir escrita por Kleber Mazziero e inicia mostrando a vida de Domingos da Guia e seus irmãos. Domingos era conhecido como o “Divino Mestre”, pela elegância do jogo, mesmo ele sendo zagueiro, e Ademir herdou o apelido também por sua elegância e qualidade técnica. No documentário, descobrimos que na adolescência Ademir foi campeão de natação pelo Bangu e chegou a pensar em seguir carreira, mas acabou continuando apenas no futebol, iniciando sua trajetória no mesmo Bangu, antes de chegar ao Palmeiras. Toda a sua carreira no Palmeiras é mostrada, desde a desconfiança de muitos com sua chegada, na época era apenas o filho de Domingos da Guia, até se tornar titular, virar unanimidade e nunca mais sair do time. Pode-se ver ainda a dupla que fez no meio campo com Dudu, com quem com jogou de 1964 a 1976, com os dois participando das duas “academias”, a dos anos sessenta, que ganhou vários títulos de 1965 a 1968 e depois no novo time dos anos setenta, que dominou o futebol brasileiro entre 1971 e 1975.

1001 - SHINE A LIGHT


SHINE A LIGHT (USA/ENGLAND, 2008) – de Martin Scorsese. O diretor registrou duas apresentações dos Rolling Stones no Beacon Theatre de Nova York, em novembro de 2006, com dezesseis câmeras, e entremeou o prato principal com entrevistas antigas. O resultado é muito bom, trazendo os Stones em pleno domínio do palco, com ênfase, claro, em Mick Jagger, mas com a magnética presença de Keith Richards. Um showzaço! Por outro lado, Shine a Light não repete o feito do diretor em No Direction Home, épico sobre a vida de Bob Dylan e a melhor das incursões de Scorsese no chamado "rockdocumentário" - os documentários sobre bandas e astros de rock. Ao contrário dos megashows do grupo inglês nos últimos anos, a apresentação aqui é intimista. Não há telões nem coreografia exagerada. Apenas músicos empolgados num espaço reduzido. E, por isso, Scorsese subverte a relação entre a banda e a plateia, naturalmente distanciada, e permite uma proximadade sem igual neste tipo de registro. E claro, é sempre divertidíssimo assistir às estrepolias do leprechaum do rock, Mick Jagger.

1000 - O HOMEM MOSCA


Um homem (Harold Lloyd) sai de sua cidade em busca de uma vida melhor na cidade grande somente para agradar sua namorada (Mildred Davis). Lá ele começa a trabalhar com balconista em uma loja de departamentos. Para ganhar 1000 dólares, ele organiza um concurso para escalar o alto de um edifício, mas acaba correndo perigo de vida. Lloyd dispensou dublês na cena em que escala o prédio.Considerada uma das melhores comédias do cinema mudo. Foi construído um falso paredão em cima do terraço do prédio e colocado um colchão para aliviar a queda, caso esta ocorresse. Lloyd teve a idéia de fazer o filme quando viu o Bill Stronher escalando um edifício e andando de bicicleta em pleno ar. As cenas à distância foram feitas de Bill Stronher. Lloyd usou luvas na cena em que escala o prédio, para ocultar a falta de dois dedos, que ele tinha perdido em um filme anterior. Último filme de Anna Townsend. Está na lista das 50 maiores comédias de todos os tempos.

999- TROVÃO TROPICAL


TROVÃO TROPICAL (TROPICAL THUNDER, USA 2008) – de Ben Stiller. Confesso que esperava muito mais deste filme. O longa acompanha as desventuras de um grupo de atores do primeiro escalão de Hollywood que, durante as filmagens de um filme sobre a guerra do Vietnã, acaba se envolvendo em um conflito real com traficantes de heroína. Carregando o filme, o elenco de estrelas conta com (além do próprio Stiller) Robert Downey Jr., Jack Black, Tom Cruise, Matthew McConaughey, Nick Nolte e os menos conhecidos Brandon T. Jackson, Jay Baruchel e Danny McBride. Não consegui entender porque tantos elogios ao filme.

998 - NATIONAL KID


NATIONAL KID (JAPÃO, 1960 ) - O seriado foi criado em 1960, por encomenda, com a finalidade de servir de merchandising para a fábrica de eletrodomésticos National Electronics Inc., atual Panasonic. A tarefa foi entregue ao mangaka Daiji Kazumine, o mesmo que algum tempo depois criaria outro herói espacial, Spectreman. O personagem deveria ter poderes especiais, voar e lutar pela paz no mundo. Levaria o nome da empresa para ajudar a aumentar as vendas. Os atores eram, em alguns casos, amadores, e os episódios foram todos filmados em preto-e-branco. National Kid voava no espaço vindo da sua terra natal Andrômeda quando percebeu uma grande nave espacial indo em direção ao planeta Terra e resolveu ir também para saber do que se trataria. Ao descobrir que eram os Incas (talvêz o produtor da série quis dizer que seria uma mesma civilização Inca que existiu na terra) do planeta Vênus que vieram para tomar o planeta porque os humanos haviam construido a bomba atômica, resolveu ajudar contra este e outros ataques que estaria por vir ao longo das séries. Vestido com roupa espacial, capacete, máscara, capa, luva e com uma grande letra "N" estampado no peito, nosso herói salvava a todos e era auxiliado (ou atrapalhado) por vários personagens. O que caracterizava este super-herói era o seu modo de voar. Diferente do Super-Homem, ou qualquer outro, ele voava com os braços abertos. Com duas pistolas que emitiam apenas um tipo de luz, colocava fora de combate os seus adversários. Suas lutas corporais com seus adversários eram verdadeiras danças, e ele é um dos precursores das lutas marciais vistas hoje nos filmes do gênero. Ninguém sabia que, na verdade, Massao Hata tinha dupla identidade: ele era o National Kid. Dois atores protagonizaram o personagem de National Kid: Ichiro Kojima iniciou o seriado, substituído por Shiutaro Tatsumi a partir da história "O Império Subterrâneo".

997 - O HOMEM DE SEIS MILHÕES DE DÓLARES


O HOMEM DE SEIS MILHÕES DE DÓLARES (THE SIX MILLION DOLLAR MAN, USA 1973) – como já sabemos o astronauta Steve Austin (Lee Majors) se acidenta gravemente durante um teste de voo suborbital e tem as pernas, um braço e um olho reconstruídos. Assim, se torna o primeiro agente ciborgue do governo americano, trabalho que, a princípio rejeita. Participação de Martin Balsan. No cotejo, a série foi mais divertida do que este burocrático telefilme.

996 - HIGHLANDER 3


HIGHLANDER 3 (USA 1994) - No século XVI, Highlander (Christopher Lambert) visita o feiticeiro Nakano (Mako), que o alerta para o perigo do sanguinário Kane (Mario Van Peebles). O embate entre os dois termina com Kane preso. 400 anos depois, uma escavação no Japão liberta Kane de sua prisão secular, que ressurge com apenas um desejo: vingar-se do guerreiro imortal. Nesta altura, toda a mágica do filme original já tinha desaparecido, e o que se tem é apenas um amontoado de cenas sem sentido.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

995 - MAIOR QUE O ÓDIO


MAIOR QUE O ÓDIO (BRASIL, 1951) – A história de dois homens cuja amizade foi mais forte que o ódio que os separou. Eles passaram toda a infância juntos, mas quando adultos cada um seguiu seu caminho. Um, Sérgio (Jorge Dória), tornou-se um honesto trabalhador, enquanto o outro, Stênio (Anselmo Duarte) preferiu o lado do crime. Quando a irmã do trabalhador (Ilka Soares) passa a ter um caso com o criminoso, os dois amigos novamente estarão frente a frente. Drama razoável produzido pela Atlântida. A curiosidade fica por conta de Agnaldo Rayol, ainda menino, fazendo o personagem de Jorge Dória na infância.

994 - PARIS, TEXAS


PARIS, TEXAS (ALEMANHA, FRANÇA 1986) – de Win Wenders. Paris, neste caso, não é a capital francesa, mas sim o nome de um terreno no Texas, onde Travis Clay Henderson (Harry Dean Stanton) foi concebido. Por isso ele compra este terreno e passa a carregar uma foto dele. Desta forma, “Paris, Texas” pode ser analisado como sendo, para Travis, a origem, e o filme Paris, Texas pode representar sua trajetória de retorno e sua reconstrução, confrontando o passado. Nesse sentido, os rumos que o protagonista segue partem de uma reflexão acerca de sua própria origem, seus pais, seu passado, para remendar as cicatrizes, a busca respostas em si mesmo, sobre família, paternidade, amor… As imagens em Super-8 não mentem. Travis, seu filho Hunter (Hunter Carson), seu irmão Walt (Dean Stockwell) e a esposa deste, Anne (Aurore Clément), assistem às imagens deles juntos com Jane (a esposa que o abandonou, a bela Nastassja Kinski) em um fim de semana na praia alguns anos antes. Todos felizes, Super-8 registrando a família feliz, praticamente um álbum de recordações. Este fragmento de cerca de quatro minutos – metalingüístico, granulado, com câmera na mão, típico filme caseiro de família – é um destaque dentro de Paris, Texas, afinal é um trecho que se passa em outra esfera temporal; um outro contexto que demonstra a felicidade (que destoa do resto do filme) e as memórias que são premissas para a história de reconstrução que é Paris, Texas. Trata-se de uma obra sobre a reconstrução da vida de Travis. Ele é encontrado em um deserto texano perambulando mudo, a partir daí acompanharemos sua trajetória: ele esteve anos desaparecido e agora lidará com o retorno à sociedade, o confronto com o passado e com sua família despedaçada. É interessante o fato de sermos conduzidos à história do protagonista aos poucos. Na mesma medida em que ele vai se deparando com seu passado, vamos descobrindo os elementos da história, a linha narrativa do filme seguindo a perspectiva de Travis. Isto gera empatia e é interessante, pois há um grande passado que é premissa do filme. Porém, enquanto o protagonista não se confronta com tal, nós não o sabemos. Portanto, mesmo que Paris, Texas utilize uma narrativa linear clássica, há uma forma um tanto fragmentada no modo como somos conduzidos pela história, junto com o introspectivo Travis. Em sua trajetória nesse road movie, ele “reaprende” o convívio social, e tenta dominar os estratagemas que compõem a comunicação para, assim, reatar-se com seu irmão, Walt, e posteriormente com o filho, Hunter. E, por último, há Jane (Nastassja Kinski, meu Deus!): enquanto memória ela é viva ao longo do filme todo, por foto, Super-8 e nos diálogos, a todo momento nos é sutilmente lembrado que há uma última ponta solta do passado a ser atada. Quando, após 97 minutos de filme, Jane aparece efetivamente em cena, estamos diante de um daqueles personagens mesmerizantes, que roubam a cena, ficam em nossa memória, quase palpáveel. Jane é a Mãe símbolo que preside o filme. Paris, Texas desenvolve uma reflexão sobre tal, colocando a Mãe como a base da estrutura familiar, aquela que realmente cria e deve criar o filho, vide a relação de Travis com sua mãe de quem sempre fala, de Hunter com Anne (que cria o garoto como uma mãe) e de Hunter com Jane (a mãe biológica). Jane é Amor, pela perspectiva do protagonista, e esta é, em grande parte do filme, a perspectiva dominante na narrativa; o olhar de Travis é muitas vezes o olhar do espectador, o sentimento dele por Jane está sujeito fortemente à identificação por parte de quem assiste o filme, em virtude do modo como a narrativa se desenvolve e da empatia do personagem. Jane é Felicidade, mesmo que seja na memória, no passado retratado muito bem pela metalinguagem (marca autoral recorrente em Wenders) pelo filme Super-8 ao qual os personagens assistem. A felicidade é, então, os bons tempos, que passaram… As três cenas em que Jane aparece, compõem o belo desfecho do filme. As cenas entre ela e Travis destacam-se pela emoção e pela técnica certeira, o plano frontal, com uma delicada composição de quadro, e com Jane no meio da tela, é absoluto. Há a perspectiva de Travis, que a vê sem ser visto, assim como nós que assistimos ao filme, que a vemos na subjetiva frontal. É magistral a sequência em a imagem dos dois se superpõem no vidro do peep show. Aliás, nossa identificação com o protagonista não é apenas na perspectiva, há a tensão, a apreensão e a expectativa que nos acompanham. Neste momento, já se foram mais de noventa minutos de filme, tendo gradativamente crescido nossas emoções consoante com o sutil desenvolvimento de Jane, no início memória ou assombração, mas cada vez mais viva e com a presença necessária, até se culminar na cena em que os dois conversam. Paris, Texas nos convida a pensar sobre a felicidade, a família e o amor, e sobre o potencial nefasto que nossos atos equivocados podem causar. Trata-se de uma tragédia, que Wenders nos passa sem efetivamente mostrar cenas da destruição e nos mostrando apenas um pequeno trecho da época feliz. O que importa neste retrato da tragédia não é tanto o fogo ou o incêndio, são as cinzas com as quais se pode sentir o fogo, sentir o incêndio. Wenders nos mostra a pós-tragédia da família Henderson de forma que conseguimos visualizar tudo o que deve ter se passado antes e, o melhor, podemos assistir à redenção, a reconstrução após as cinzas.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

993 - CHICO XAVIER


CHICO XAVIER (BRASIL, 2009) – de Daniel Filho. Uma adaptação para o cinema que descreve a trajetória do médium, que viveu 92 anos desta vida terrena desenvolvendo importante atividade mediúnica e filantrópica. Fechava os olhos e colocava no papel poemas, crônicas e mensagens. Seus mais de 400 livros psicografados, consolaram os vivos, pregaram a paz e estimularam caridade. Para os admiradores mais fervorosos, foi um santo. Para os descrentes, no mínimo, um personagem intrigante. Contudo, como cinema, Chico Xavier é fraco e não passa de um Caso Especial feito para a tela grande.

992 - DÚVIDA


DÚVIDA (DOUBT, USA 2009) - O ano é 1964 e o cenário é a escola St. Nicholas, no Bronx. O vibrante e carismático padre Flynn (Philip Seymour Hoffman), vem tentando acabar com os rígidos costumes da escola, que há muito são guardados e seguidos ferozmente pela irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep), a diretora com mãos de aço que acredita no poder do medo e da disciplina. Os ventos das mudanças políticas sopram pela comunidade e, de fato, a escola acaba de aceitar seu primeiro aluno negro, Donald Miller. Mas quando a irmã James (Amy Adams), uma freira inocente e esperançosa conta à irmã Aloysius sobre sua suspeita, induzida pela culpa, de que o padre Flynn está dando atenção exagerada a Donald, a irmã Aloysius se vê motivada a empreender uma cruzada para descobrir a verdade e banir o padre da escola. Agora, sem nenhuma prova ou evidência, exceto sua certeza moral, a irmã Aloysius trava uma batalha de determinação com o padre Flynn, uma batalha que ameaça dividir a Igreja e a escola com consequências devastadoras. Dois grandíssimos atores, e um filme muito acima a média!

991 - CAPITÃO NEMO E A CIDADE SUBMARINA


CAPITÃO NEMO E A CIDADE SUBMARINA (CAPTAIN NEMO AND THE UNDERSEA CITY, USA 1970) – Seis náufragos no século 19 são resgatados por um moderno submarino. O capitão é o capitão Nemo (Robert Ryan), que não havia morrido no final de 20.000 léguas submarinas como os telespectadores foram levados a acreditar. Em vez disso, ele tem instalada uma fantástica cidade submarina, utilizando esta metrópole submarina como uma base de operações para a sua guerra contra a humanidade. Produção barata, sem charme.

990 - AMOR SEM ESCALAS


AMOR SEM ESCALAS (UP IN THE AIR, USA 2010) - O filme é sobre Ryan Bingham (George Clooney), um homem que praticamente não tem escritório, gasta a maior parte da existência enfurnado em aviões, viajando por todos os cantos dos Estados Unidos. Sua missão é demitir funcionários de diversas empresas e, como o seu trabalho necessita de frieza, Clooney interpreta um cara cínico, indiferente e que jamais percebe que não é apenas os outros que estão indo para o buraco, aos poucos ele também está. Em suas palestras, Ryan usa uma mala como metáfora para explicar
a existência das pessoas e o peso dos ideais que carrega nas costas. Para o protagonista, tudo está ótimo, ele curte ao máximo o que faz, saboreia os momentos com muito desbunde e se orgulha das milhas aéreas que acumula passando a vida nas alturas. Só que tudo começa a complicar quando seu patrão contrata a ambiciosa Natalie Keener (Anna Kendrick). A jovem propõem logo de início um plano para reduzir os custos: agora os avisos de demissão não seriam mais feitos presencialmente, e sim através da internet, abolindo de vez a necessidade de longas viagens. E ainda tem Vera Farmiga. Um dos melhores filmes do ano.

989 - A TROCA


A TROCA (THE CHANGELING, USA 2008) – de Clint Eastwood. O filme se baseia em um caso real ocorrido entre 1928 e 1930. Certo sábado, em Los Angeles, Christine Collins (Angelina Jolie) saiu para trabalhar e deixou seu filho Walter em casa. Na volta não o encontrou. Os dois travellings que antes mostravam o menino de longe, um na porta da escola e outro na janela de casa, enquanto a câmera se afastava sob o ponto de vista dos olhos da mãe, já prenunciavam o pior. A imagem de Walter desaparecia aos poucos para não mais voltar. O caso ficou famoso na realidade porque o departamento de polícia de L.A. encontrou, diz, um menino homônimo ao desaparecido e presumiu que era o filho de Christine. Daí a troca do título: para ficar bem diante da imprensa, a criticada polícia da cidade se apressou em jogar o "filho" no colo da mãe. Christine, evidentemente, desde o primeiro momento apontou que aquele não era o verdadeiro Walter. Fica claro (e isso já é um paradoxo diante do que direi a seguir) a obsessão de Eastwood pelo chiaroscuro, que é um resquício do filme noir dos anos 40 (que por sua vez é uma adaptação do expressionismo alemão dos anos 20). Na cena anti-naturalista do interrogatório do menino, isso fica evidente ao se ver o meio rosto iluminado pela tempestade, ou o ângulo com que Eastwood filma Jolie de chapéu para encobrir seus olhos. Aquela forma de esconder semblantes (no caso de Jolie, restam-lhe só os lábios para contar história – e que lábios!) é noir totalmente. O vermelho do batom de Christine, contrastando com a falta de cor dos paletós masculinos, é de uma agressividade febril, como se fossem alienígenas uns aos outros - o que acentua a essência kafkiana da premissa, pois estamos numa época em que a mulher não tinha voz nem corpo na sociedade americana – é só ver a sequência do hospício feminino.

988 - EU SEI QUE VOU TE AMAR


EU SEU QUE VOU TE AMAR (BRASIL, 1986) - de Arnaldo Jabor. É o filme perfeito para os casais que gostam de “discutir a relação”. Contudo, este “cinema falado” de Jabor ainda pode ser simbólico e de algum modo relevante na verborragia de seus dois protagonistas, uma jovem e já talentosa Fernanda Torres e um esforçado Thales Pan Chacon. A ação (!) se passa todo tempo dentro de um apartamento fashion a zona sul carioca, no qual o casal chega à conclusão de que o amor acabou e de que eles têm que se separar. Para isso, resolvem dizer tudo que sentem e pensam um do outro, num falatório catártico que, em certos momentos, chega a irritar. No entanto, ainda se pode pinçar alguma coisa da filosofia sentimental dos anos 80 nos diálogos, ora agressivos, ora românticos.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

987 - FROST VS NIXON


FROST VS NIXON (USA, 2008) - Richard Nixon (Frank Langella, incrível) permaneceu em silêncio por três anos após renunciar à presidência dos Estados Unidos. Em 1977 ele concordou em dar uma entrevista, visando esclarecer pontos obscuros do período em que esteve no governo e usá-la para uma possível volta à política. O entrevistador do programa foi o jovem David Frost (Michael Sheen, perfeito, como também o fora em A Rainha), o que fazia com que Nixon acreditasse que seria fácil dobrá-lo. Entretanto o que ocorreu foi uma grande batalha entre os dois, que resultou em um confronto assistido por 45 milhões de pessoas ao longo de quatro noites. Ron Howard fez uma beleza de filme, que prende a atenção do início ao fim. Langella merecia o Oscar.

986 - INIMIGOS PÚBLICOS


INIMIGOS PÚBLICOS (PUBLIC ENEMIES, USA 2009) - John Dillinger (Johnny Depp, sempre ótimo) era um criminoso audacioso e violento, mas que atraía a opinião pública ao seu favor, principalmente, porque dizia retirar das instituições financeiras o dinheiro que elas roubavam do cidadão. Seus assaltos a bancos e fugas rápidas enlouqueciam a polícia que não tinha condições de enfrentá-lo. Assim, prender o assaltante tornou-se uma obsessão do então burocrata J. Edgar Hoover (Billy Crudup), que disposto a tudo para fortalecer o famoso F.B.I., coloca Dillinger como o inimigo público número um. Para ajudar em sua missão, Hoover contrata o policial Melvin Purvis (Christian Bale) e o deixa igualmente obcecado pela captura do bandido, que se apaixona por Billie Frechetti (Marion Cotillard, com atuação perfeita) e acaba complicando a sua vida.

985 - GAROTA INFERNAL


GAROTA INFERNAL (JENNIFER’S BODY USA 2009)Um filme de terror sexy – pelo menos, é o que dizem os produtores - com um pretenso e equivocado senso de humor, GAROTAINFERNAL conta a história da estudante Jennifer (MEGAN FOX), que mora em uma pequena cidade e é possuída por um demônio da floresta. Ela passa de "a garota diabólica da escola" (aquela que sabe que é a mais bonita), metida e arrogante, ao mal em pessoa. A garota de beleza estonteante se torna uma criatura pálida e doentia, louca por um pedaço de carne; os rapazes que nunca tiveram uma chance com ela ficam fascinados com o apetite insaciável de Jennifer. Enquanto isso, sua melhor amiga, Needy (Amanda Seyfried), que sempre viveu à sombra de Jennifer, precisa proteger os jovens imbecis da cidade, inclusive Chip, seu namorado nerd (Johnny Simmons). Pura perda de tempo.

984 - GUERRA AO TERROR


GUERRA AO TERROR (THE HURT LOCKER, USA 2009) - de Kate Bigelow. O ator Jeremy Renner é o protagonista deste filme, e desempenha muito bem o seu papel ao interpretar o William James, soldado designado para o esquadrão de bombas, e que é viciado na adrenalina provocada pela guerra. Renner faz um personagem forte e crível, mas não é nenhum show de interpretação. Além de Jeremy Renner, o filme tem a participação rápida de outros atores e atrizes conhecidos do grande público, como Ralph Fiennes, Guy Pierce e a Evangeline “Kate de Lost” Lilly, como Connie James, esposa do protagonista. No mais, um filme decente, porém, ao meu ver, sem o peso dramático que merecesse o Oscar.

983 - 500 DIAS COM ELA


500 DIAS COM ELA (500 DAYS OF SUMMER, USA 2009) – de Marc Webb. O filme “500 dias com ela” (500 days of Summer) é uma brincadeira séria sobre um assunto que muito nos interessa, porque muito nos acontece: o desencontro amoroso. Shakespeare já falava disso e, num tempo bem mais recente, há uma obra prima dos Beatles, “Hello, Goodbye”, que traduz com extrema simplicidade as divergências amorosas: “you say goodbye, and I say hello”. Sim, pois é um drama de dimensões ingentes não encontrar com a pessoa amada e, pior até, desencontrar-se dela, quando mais a procura. “Por que você diz adeus exatamente agora quando digo alô?”. Basta abrir a janela e lá fora estarão casais que foram e, de repente, deixam de ser, gente sozinha que se perdeu na própria busca, jovens, os nem tão jovens assim, baixos, altos, gordos, magros, ricos, pobres. Todos se lembrando de uma história que passou ou sentindo aquela saudade do futuro, de tudo aquilo que ainda virá e que se advinha nos olhos daquela que passa distraída, ou no semblante daquele que parece estar atrasado para o trabalho. No filme, Tom se apaixona por Summer, eles se aproximam, mas um fato torna a existência do rapaz um tormento permanente: ela não acredita no amor e no compromisso da entrega, coisas que são essenciais à alma romântica de Tom, que sofre, sofre, sofre, pois está certo de que é ela a pessoa que dará sentido à sua vida, a quem amará total e incondicionalmente e que, claro, espera receber igual devoção do objeto amado. Summer, por sua vez, é uma torre de certezas sobre a forma como quer amar e ser amada. Nos 500 dias que passam juntos, Tom e Summer vivenciam inúmeros encontros e desencontros e chegam até a pensar que o amor é isso mesmo – um constante processo de inconstâncias, de diferenças que se harmonizam, dia sim, dia não. O que chama a atenção é a diferença entre os dois reside principalmente naquilo que deveria os unir: a dimensão do sentimento, que nele se manifesta como uma hidrelétrica que se rompe e, nela, aparece tímida, como uma torneira que pinga. Acontece que, neste ponto, não dá para cotejar o amor dos dois. Eles amam, isto é certo. Outra história é como eles se amam. Durante o filme, é fácil bipolarizar a questão e considerar, em alguns momentos, Tom como a vítima e Summer como a vilã. Mas não é nada disso, nem no filme nem na vida, vamos aprender logo depois, como os acontecimentos que se precipitam sobre os dois. Vamos, assim, concluindo que não há perdedores nos jogos amorosos, embora seja uma tentação querer impor aos jogadores papéis de injustiçado, perseguido, humilhado, etc. Claro que, mesmo com a dimensão lúdica que a palavra “jogo” sugere, nas experiências amoráveis, corre-se o risco de ressentimentos e mágoas, que são logo esquecidos com a chegada de um novo e grande amor, como já dizia Vinicius. Por isso, é interessante vermos como Tom descreve o pouco mais de um ano que passou com Summer, como avalia as situações sob o seu particular ponto de vista sentimental, como sente que ela é o seu destino neste vale de lágrimas. Os dias de outono podem ser tão proveitosos que os dias de verão, como diz o título em inglês, fazendo um jogo de palavras, impossível em língua portuguesa, que tem tudo a ver com o desfecho da história. Este é um daqueles filmes que podem ser apenas um passatempo para a sessão da tarde, como também um bom pretexto para reflexões mais profundas a respeito dos relacionamentos amoráveis que mantemos ou que queremos manter. De qualquer forma, é muito bom poder se equivocar de vez em quando, até acertar, pois se acumula com isso experiência e paciência, duas palavrinhas valiosas que rimam além dos sufixos que gramaticalmente as unem e que se mostram mais que úteis no mapeamento amoroso. A paciência nos faz ter mais critério na hora de escolher e nos salva de armadilhas fatais. Por outro lado, a experiência, cumulativa e globalizante, nos dá o GPS interno que nos guia aonde queremos chegar e a segurança para dar o primeiro passo, dizer a melhor palavra e mesmo interromper qualquer coisa supostamente importante para que o amor de outono possa entrar definitivamente, ou não, na nossa vida.

982 - NOVIDADES DO AMOR


NOVIDADES DO AMOR (REBOUND, USA 2009) - Após um doloroso divórcio, a dona de casa Sandy (Catherine Zeta-Jones, incrivelmente magra e um tanto inadequada para o papel ) se muda para Nova York com os dois filhos. Além de ter que voltar a trabalhar, ela tenta encontrar um novo amor e acaba se envolvendo com um jovem de 25 anos, Aram (Justin Bartha) que contratara para cuidar das crianças. É um bom filme para que gosta de locações em Nova York, como é o meu caso. Curiosa participação, meio apagada, de Art Garfunkel, como pai de Aram.

981 - INVICTUS

INVICTUS (INVICTUS, USA 2009) - de Clint Eastwood. Magnífico relato de como Nelson Mandela conseguiu unir o povo da recém democrática África do Sul, através da valorização do seu time de rúgbi, até o campeonato mundial da modalidade, realizado naquele país. Morgan Freeman está perfeito como o líder sul-africano,e Matt Damon convence como Pierre Piennar, capitão do time, que entende a intenção de Mandela de passar para seu povo que aqueles não eram tempos de vingança ou ódio. Até hoje um abismo social, cultural e linguístico ainda separa brancos e negros sul-africanos, mas a solução momentânea encontrada por Mandela - que acabou permitindo que seu governo prosperasse - foi certeira para agradar a todos: transformar o rugby, sem descaracterizá-lo, também num esporte para os negros. Todo filme, mesmo o mais mecânico, espelha uma visão de mundo de seus realizadores, e no caso de Eastwood - com toda a mítica que acompanha o ator e diretor - fica mais difícil dissociar Invictus, ainda que baseado em uma história real, da filosofia de vida do grande cineasta Clint Eastwood. Eis o belo poema que inspirou Mandela e o time:

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

980 - O VIZINHO


O VIZINHO (LAKEVIEW TERRACE, USA 2008) – Samuel L. Jackson (21 de dezembro de 1948) é um policial viúvo, pai de dois adolescentes, que faz tudo para que seus vizinhos, um casal formado por um branco e uma negra, que acabaram de se mudar, desapareçam do lugar. O filme é interessante e prende a atenção, principalmente pela atuação de Jackson, cujas ações do seu personagem acontecem numa escalada constante, por mais absurdas que pareçam. O roteiro dá uma explicaçãozinha para tal comportamento, mas ninguém sai convencido, devo dizer. O final é previsível, mas não estraga a tensão do filme.

979 - ROBUR, O CONQUISTADOR

Dirigido pelo mestre das produções-B, William Witney, o roteiro é de Richard Matheson, baseado na clássica obra do francês Júlio Verne. No século 19, a pequena Morgantown, na Pensilvânia, é atingida por um tremor de terra. Para aumentar ainda mais o susto da população, uma misteriosa voz vinda da cratera de um vulcão inativo faz ameaças apocalípticas ao mundo. Strock (Charles Bronson), um agente do governo americano, é designado para investigar o caso. Pede ajuda a um fabricante de armas que, junto com a filha e seu namorado, embarcam num balão até a montanha. Não demora muito para serem atingidos, derrubados e aprisionados por Robur (Vicent Price). Robur é um cientista notável e, no comando de uma fortaleza voadora futurística chamada Albatross, pretende colocar em prática um plano para acabar com as guerras no mundo. Inventor idealista, construiu a aeronave, equivalente ao Náutilus, com a qual tentará persuadir os líderes mundiais para promover a paz mundial. Versão aérea de "20.000 Léguas Submarinas" e na tradição de "Volta ao Mundo em 80 Dias", do mesmo Júlio Verne, "Master of the World" é uma ficção científica no melhor estilo dos filmes de aventura desta época.

domingo, 26 de dezembro de 2010

978 - O SEGREDO DOS SEUS OLHOS


O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (ARGENTINA, 2009) - o oficial de justiça recém aposentado Benjamín (Darín) começa a escrever um romance policial sobre um caso que ele mesmo investigou em 1974. Ao revisitar o passado pelas palavras e pela memória, ele questiona o resultados das investigações e a forma como conduziu sua vida até então. Entre indas e vindas no tempo, descobrimos como foi o crime e o que ele causou aos envolvidos, além de desvendarmos que as decisões passadas ainda podem ser fatais no presente. Para um roteiro tão bom, o elenco só podia ser brilhante. Falar que Ricardo Darín dá um espetáculo em cena é cair no lugar comum: o ator brilha com um olhar carregado de paixão e veracidade, mostrando-se grandioso a cada cena. Soledad Villamil, uma das atrizes mais lindas do cinema, evolui com talento nos tempos distintos da trama, amadurecendo com a personagem. Ela é cativante, mas contida, como a Irene do passado, e direta e sensível como a Irene do presente. Porém, o destaque extremo fica por conta de Guillermo Francella,que interpreta Sandoval, melhor amigo de Benjamín. Ponto cômico do longa, ele consegue ir do riso às lágrimas com rara desenvoltura. O final é digno de Hitchcock. O diretor Juan José Campanella faz uma pequena obra-prima: um mistério policial que entretece o presente ao passado em uma costura virtuosística, e é também uma revisita a um momento que obseda os argentinos - o da ditadura militar dos anos 70.

977 - O HOMEM DO ANO


O HOMEM DO ANO (BRASIL, 2002) – Uma ingênua aposta entre amigos transforma Máiquel (Murilo Benício), um homem comum, em um assassino e herói de toda uma cidade. Deixando-se levar pelos acontecimentos, Máiquel torna-se respeitado por bandidos e pela polícia, sendo também amado por duas mulheres, além de enriquecer. Impressionante atuação de Murilo Benício, que incorpora com assustadora autenticidade um indivíduo meio bronco, meio ambicioso, que vai subindo socialmente através do crime. Destaque para Cláudia Abreu e Natália Lage, uma graça. Adaptado do Best-seller O Matador, de Patrícia Melo, o filme mostra a escalada da violência na vida de um rapaz de periferia pacato e sem rumo que, um dia, mata gratuitamente um sujeito. Mas eis que a vítima é um ladrão conhecido nas redondezas e odiado pelos habitantes do bairro. Com isso, o ato de Máiquel é comemorado por todos. Se antes era um Zé Ninguém, que nunca tinha feito nada que presta na vida, depois do crime Máiquel vira ídolo da baixada, recebe presentes e é cortejado pelas mulheres.

976 - A FAMÍLIA SAVAGE


A FAMÍLIA SAVAGE (THE SAVAGES, USA 2007) – os Savages são um casal de irmãos quarentões, magnificamente interpretados por Philip Seymour-Hoffman e Laura Lynney. Ele é um professor universitário depressivo, e ela uma dramaturga frustrada, que mantém um caso com o vizinho casado. Os dois se reencontram quando descobrem que o pai (Philip Bosco, perfeito) está com demência. A situação é inversa à do passado: largados pelo pai na juventude, agora eles têm que cuidar dele. Os diálogos são cheios de ironias inteligentes e várias cenas se equilibram numa curiosa linha entre a comicidade e angústia. Preciso e delicado.

975 - EU TRANSO, ELA TRANSA


EU TRANSO, ELA TRANSA (BRASIL, 1972) – comédia erótica de baixíssima qualidade, tanto no roteiro, como nas atuações, tentando retratar os costumes da classe média brasileira, no início da década de 70. Algum destaque para Jorge Dória e Dayse Lucidi, que fazem os pais de Marcos Paulo, e para as pernas de Sandra Barsoti, além de Rose Di Primo. De resto, cansativas cenas longas e mixagem mal feita.

974 - O AMOR PEDE PASSAGEM


O AMOR PEDE PASSAGEM (MANAGEMENT, USA 2008) – Jennifer Aniston é Sue, uma vendedora que se hospeda no hotel de Mike (Steve Zahin) que, ao vê-la, logo se apaixona por ela. Eles têm um affair e, depois que ela parte, Mike vai atrás dela, cruzando o país. O curioso é que o filme não é uma comédia, ou um drama ou um romance apenas. No entanto, abstraindo-se todas as incoerências do roteiro, o filme é uma pequena jóia na sua simplicidade e simbolismo: mostra tudo que alguém pode fazer por amor. Claro que dava para dar uma caprichada no roteiro, saindo um pouco do realismo mágico que preside a história. Ainda no elenco, o ótimo Woody Harrelson, num papel horrível.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

973 - A ÚLTIMA NOITE


A ÚLTIMA NOITE (25TH HOUR, USA 2002) – de Spike Lee. Qualquer filme com Edward Norton vale a pena, e este não foge à regra. Ele é um traficante de drogas, quase redimido, que é condenado a sete anos na prisão. Decide, então, passar o último dia de liberdade com seus amigos, Jacob (Philip Seymour Hoffman, excelente) e Frank (Barry Pepper) e a namorada, Naturelle, a bela Rosario Dawson. O vulcãozinho Anna Paquim faz uma espevitada adolescente por quem o personagem de Hoffman se apaixona pateticamente. Spike Lee se renova ao lançar um olhar sobre um drama urbano, sem as pesadas cores dos conflitos étnicos. O final é inesperadamente poético.

domingo, 19 de dezembro de 2010

972 - JUVENTUDE E TERNURA


JUVENTUDE E TERNURA (BRASIL, 1968) – neste subproduto da Jovem Guarda, Wanderléa fez uma cantora em ascensão, patrocinada por tipo meio mafioso e autoritário (Anselmo Duarte, péssimo), que tem interesse nela. Tudo mal dublado e feito aparentemente às pressas. O roteiro, paupérrimo, se bifurca numa história policial em que as perseguições acontecem em vários lugares do país. As atuações são sofríveis, contudo, vale a pena o olhar sobre o Rio de Janeiro da década de 60.


971 - TE AMAREI PARA SEMPRE


TE AMAREI PARA SEMPRE (THE TIME TRAVELER’S WIFE, USA 2009) – o que me chamou a atenção para o filme foi o título – bem melhor em português – e a presença da doce Rachel McAdams. Te Amarei Para Sempre conta a curiosa história do bibliotecário Henry DeTamble (Eric Bana), que desde cedo descobriu-se portador de um raro fenômeno: uma disfunção genética que o permite viajar no tempo – tanto passado como futuro – de forma involuntária e sem controle. Suas constantes viagens fazem com que ele se veja constantemente metido em confusões já que cada vez que se desloca para um novo espaço-tempo está nu e precisa sair à caça de roupas. Assim como a vida de Henry, a história é, da mesma forma, apresentada de forma fragmentada. Embora a linha mestra do roteiro conduza a narrativa a partir do momento em que ele conhece a sua futura esposa Clare Abshire (Rachel McAdams), o desenvolvimento na história se dá em forma de flashbacks – nesse caso as viagens temporais dele - onde descobrimos que Henry já conhece e visita Claire desde que a garota tinha nove anos de idade. A história de Henry já é apresentada e bem desenvolvida aos olhos do espectador, e o foco deixa de ser as suas viagens e passa a ser a situação de Claire, a fiel e compreensiva esposa que entende o drama do marido e procura conviver com ele da melhor maneira possível. Utilizando as palavras de Claire, a mudança de foco é claramente explicitada no roteiro quando ela afirma saber “qual é a sensação de quem fica, mas não qual é a sensação daquele que parte”. O deslocamento da narrativa é leve e, em momento algum, temos a impressão de ver dois filmes distintos. Essa suavidade na condução da história – que revela um bom trabalho do diretor Robert Schwentke (Plano de Vôo) – contudo a partir de certo momento acaba tendo um efeito contrário para o desenvolvimento do filme. Se por um lado temos a segurança de que o filme dificilmente irá se perder, por outro ficamos com a sensação de uma falta de ousadia, já que não há grandes reviravoltas ou revelações. Mesmo nos principais pontos de virada da história, os momentos de clímax são apresentados de forma amena, tendo pouco impacto no destino da história, mas sem comprometê-la. Em uma das suas falas, Henry afirma que conduziu sua vida para “nunca ter nada que não pudesse suportar a dor da perda”. A atitude pouco corajosa dele nesse quesito parece se refletir na maneira como a história é apresentada – de maneira segura e burocrática, mas com poucas inovações e diferenciais, o que é uma pena já que este é o tema que levanta uma série de possibilidades. Não espere um filme de ficção científica, como ele aparenta ser mas, em termos de romance, ele apresenta os elementos que costumam conquistar as platéias de casais. Uma sólida história de amor, daquelas que estendem pela vida toda e que, qualquer pessoa certamente gostaria de vivenciar. A gente fica com a sensação de ter faltado alguma coisa, ao final. Mas, vale, pelo amor desejado.

sábado, 18 de dezembro de 2010

970 - SETE MULHERES


SETE MULHERES (SEVEN WOMEN, USA 1966) – último trabalho do diretor John Ford. Na China, em 1935, um grupo de mulheres missionárias tentam se proteger do avanço do sanguinário exército Mongol. Anne Bancroft, excelente, faz uma médica cujo comportamento liberal afronta a diretora da missão, Agatha Andrews (a impressionante Margareth Leighton) que, por sua vez, se consome com culpas e desejos reprimidos, principalmente em relação à bela Emma Clark (Sue Lyon, que, anteriormente, fizera Lolita). Magnético e pungente, é uma obra-prima que deveria ser vista mais vezes, principalmente pelas atuações de Bancroft e Leighton.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

969 - A QUEDA! AS ÚLTIMAS HORAS DE HITLER


A QUEDA! AS ÚLTIMAS HORAS DE HITLER (DER UNTERGANG, ALEMANHA, ITÁLIA, ÁUSTRIA 2004) - Baseado nos livros “Der Untergang” (“No Banker de Hitler: Os Últimos Dias do 3º Reich”), de Joachim Fest, e “Bis zur letzten Stunde” (“Até a Hora Final: A Última Secretária de Hitler”), de Traudl Junge e Melissa Müller, “A Queda!” conta com uma competente direção de Oliver Hirschbiegel. O cineasta contou com a ajuda de uma equipe técnica em total sintonia e com a presença de atores de primeira grandeza no cinema europeu. O maior deles é Bruno Ganz (“Pão e Tulipas” e “Sob o Domínio do Mal”), que dá vida justamente a Adolf Hitler. Como a mais detestável figura do século passado, Ganz surge como um ator maior. O ator está impecável como Hitler. Ele não apenas se parece com o comandante alemão, ele consegue convencer que é Hitler. Durante os 156 minutos de projeção a impressão é de que se trata de um um documentário, tamanha a autenticidade das atuações. No meio de uma noite de novembro de 1942, um grupo de jovens mulheres é escoltado por oficiais das SS, através do bosque, até a Toca do Lobo, o QG de Hitler na Prússia Oriental. São candidatas ao cargo de secretária pessoal do Führer. Entre elas, está Traudl Junge, uma jovem de Munique, de 22 anos. Ela é escolhida para o trabalho, e a idéia de servir ao Führer pessoalmente a deixa radiante. Em abril de 1945 os russos tomam Berlim deixando o exército alemão em pânico.


968 - VÍRUS



VIRUS (CARRIERS, USA, 1999) - A trama segue 4 jovens dirigindo pela estrada, tentando fugir/sobreviver de um vírus mortal que assola o planeta. Neste cenário de caos e apocalipse, eles possuem suas próprias regras para se manterem vivos e chegarem até um local menos perigoso e esperar (leia-se ter fé) que o tal vírus desapareça e as coisas voltem ao normal. Dos espanhóis Àlex e David Pastor, o filme mostra o que aconteceria se o planeta fosse atacado por um vírus letal. Lembra os filmes de zumbis romerianos, ainda que traga uma abordagem própria. Começa com dois rapazes e duas moças dentro de um carro numa estrada. Não há nenhuma apresentação inicial do que está ocorrendo no mundo nem diálogos muito explicativos. Através do curso da ação, os irmãos Pastor nos situam no que está havendo. Logo nos primeiros minutos uma caminhonete interrompe a passagem do carro do grupo na estrada. Um homem está querendo ajuda. Sua filha pequena está com uma máscara cobrindo nariz e boca, o que já é indício de que ela está contaminada. Instala-se um clima de tensão e medo e é a partir daí que vemos a gravidade da situação. A luta é pela sobrevivência, custe o que custar. A gasolina vale mais do que água nesse mundo.

See: http://www.youtube.com/watch?v=ofnjLzMZhQM

967 - OS PREDADORES


OS PREDADORES (THE PREDATORS, USA 2010) – PREDADORES, um novo e ousado filme do universo de Predador, com produção de Robert Rodriguez, é estrelado por Adrien Brody como Royce, um mercenário que relutantemente lidera um grupo de combatentes de elite e descobre que eles foram levados para um planeta alienígena para servirem como presas. À exceção de um médico que caiu em descrédito, todos são assassinos a sangue frio: mercenários, mafiosos da Yakuza, presidiários, membros de esquadrões da morte - ou seja, "predadores" humanos que agora serão sistematicamente caçados e eliminados por uma nova raça de Predadores alienígenas, da mesma espécie dos de cabelos rastafári e visão em infravermelho apresentados no Predador original.Perda de tempo. Dá pena ver Brody numa tranqueira dessas.


966 - TROPA DE ELITE 2


TROPA DE ELITE 2 (BRASIL, 2010) – de José Padilha. Os mais de 11 milhões de espectadores que assistiram ao filme testemunharam Wagner Moura de volta à pele de Nascimento, promovido a tenente –coronel do Bope. Depois de uma missão fracassada em Bangu , que o obriga a se afastar do comando do grupo para assumir o burocrático cargo de subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro. O excesso de violência e de narração em off quase se diluem no evidente salto de qualidade técnica, que também não ajuda a disfarçar a frustração do desfecho sem clímax. Wagner Moura, bem como sempre, é ofuscado pelo ativista dos direitos humanos, Irandhir Santos (de Besouro), agora casado com sua ex-mulher (a insossa Maria Ribeiro).


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

965 - BATMAN, A SÉRIE COMPLETA (1943)


BATMAN, A SÉRIE COMPLETA (USA, 1943) - Lançado pela Columbia Pictures, este seriado fez grande sucesso. Na época, ver o seu super-herói na telona era o sonho de todo fã. E foi com este seriado que Batman estreou nos cinemas, em 15 capítulos. O enredo mostrava Batman (Lewis Wilson) e Robin (Douglas Croft) tentando pegar o terrível vilão Dr. Tito Daka (J. Carrol Nash). Não há o Coringa, Duas Caras ou qualquer desses vilões conhecidos. A trama gira em torno dos planos maléficos do Dr. Tito Daka, servo do Imperador japonês Hirohito que visa destruir a democracia na América e instalar a “Nova Ordem Mundial” (seja lá o que for isso). Tudo a ver: o ano era 1943, o mundo estava em plena Segunda Guerra Mundial e qual país era aliado dos nazistas e atacou Pearl Harbor? Ou seja: era o vilão certo para aquele momento histórico. Outro ponto a ser lembrado é que Batman foi criado em 1939 ou seja, este seriado foi feito apenas quatro apenas após o aparecimento do Batman nos quadrinhos. Detalhes que fazem toda a diferença: o chapéus dos vilões nunca caem durantes as brigas, e o tamanho da cabeça do ator que faz o Robin. Tudo deliciosamente tosco e surreal.


964 - FORÇA POLICIAL


FORÇA POLICIAL (PRIDE AND GLORY, USA 2008) – o filme mostra, mais uma vez, o talento de Edward Norton, que faz um policial que desconfia de corrupção no departamento onde seu cunhado é o chefe. Violento e com fotografia escura, mostra o lado sombrio de Nova York e da polícia que, no final das contas, é sempre a mesma, em todos os lugares. Ao tocar no tema “escândalo em família”, o filme remete o espectador à velha escola americana de Elia Kazan e os dramas dos anos 50. No elenco, Colin Farrell (muito bem no papel maverick) e Jon Voigh. Direção de Gavin O’Connor.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

963 - O FANTASMA


O FANTASMA (THE PHANTOM, USA 1995) – na época do lançamento, o filme sofreu com algumas críticas injustas, outras nem tanto. Vendo-o hoje, podem-se achar algumas qualidades nesta versão mais recente dos quadrinhos de Lee Falk. Billy Zane, por exemplo, está muito bem no papel que lhe exige muito mais músculos do que especificamente da arte de representar. Catherine Zeta-Jones, muito bonita, como sempre, tem um papel que não tem muito a ver com ela e nem prenunciava o estrelato que viria depois. A minha maior surpresa foi a belíssima Kristy Swanson (19 de dezembro de 1969), como uma Diana Palmer decidida e intempestiva, que cativa o coração do herói. No mais, o filme se perde na metade final, abusando dos clichês dos filmes de aventura, embora seja notável o capricho com a cenografia.