(MATCH POINT, UK 2005) - Em muitos momentos, tenho ímpetos de comparar Woody Allen a Nelson Rodrigues. MATCH POINT, de certa forma, poderia muito bem ter saído de algum "a vida como ela é", do universo rodrigueano. Não que Nelson tenha inventado a tara pela cunhada, ou pela mulher do cunhado, mas quando esta mulher é Scarlett Johansson, fica mais fácil entender o que se passa por dentro do personagem de Jonathan Rhys Meyers, Chris Wilton, um instrutor de tênis que não tem como resisir a um fenômeno da natureza em forma de mulher, que é Nola, interpretada com o máximo de sedução por esta nova-iorquina que Ryan Reynolds não soube apreciar. E é nela, Scarlett, os dois ts do nome soprando todo e qualquer pensamento mais ousado na nossa orelha fria, que a história se constrói para, logo depois, se reconstruir pelo olhar de Scarlett, sentido e verbo. O olhar de Scarlett é tão mais notável quanto, apesar de colocado num belo e fresco rosto, encima um corpo que faz a gente pensar que a engenharia divina, vez por outra, se supera nos seus nobres e sagrados projetos para o ser humano sobre a Terra. Uma coisa.