BOA SORTE (BRASIL, 2014) – Primeiro longa
de Carolina Jabor. Com um roteiro facilmente previsível, o filme logo chama a
atenção pelos estereótipos que conhecemos numa clínica de reabilitação: personagens
com maneirismos exagerados, o enfermeiro corrupto, pais ausentes que querem se
livrar da culpa da internação dos filhos. O uso de remédios leva o adolescente
João (João Pedro Zappa) à clínica, onde conhece Judite (Deborah Secco, que ainda
não convence como atriz), que tem HIV. A partir daí, a história aponta para uma
pouco original “jornada de autodescoberta”, pontificada pelo surgimento do amor
entre os dois protagonistas. Há uma tentativa de mostrar uma metáfora de
“invisibilidade” dos “excluídos”, em função do preconceito com os que se perdem
(ou se acham) no universo das drogas e da depressão. O filme também peca ao se
estender além da cena em que João resgata o diário de Judite, na casa da avó
dela (Fernanda Montenegro, sem brilho e repetitiva). As boas questões que o
filme poderia levantar – relação ruim entre pais e filhos, uso e drogas
ilícitas, compra e venda de remédios sem receita, a precária realidades das
clínicas de reabilitação – se perdem no foco de um romance raso, com um desfecho
nada original e uma sequência final que derruba as possíveis boas intenções do roteiro.