terça-feira, 27 de dezembro de 2016

2849 - ROGUE ONE, UMA HISTÓRIA DE STAR WARS

ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA DE STAR WARS (ROGUE ONE, USA 2016) – Tudo, bem, tem DNA de Star Wars, só que não, né? ROGUE ONE, numa avaliação mais aprofundada, tem jeito de piloto de seriado, o que, quando comparado com o DESPERTAR DA FORÇA, se transforma numa experiência não exatamente decepcionante, mas que provoca uma sensação de relativa insatisfação para quem entende – e sente – o universo de Star Wars como algo além do anímico. ROGUE ONE é uma prequela do episódio IV – UMA NOVA ESPERANÇA – o “kick-start” da trilogia inicial, que devia muito do seu charme por começar justamente pela quarta edição, já que esta ruptura temporal provocava um deslumbramento hipnótico que vem durando desde então, quando se menciona Star Wars. Excluam-se desta afirmação os Episódios I, II e III, diga-se de passagem, todos muito ruins. Acontece que ROGUE ONE não tem a mistura de nostalgia e novidade em doses equilibradíssimas que se viu em O DESPERTAR DA FORÇA que, além de nos trazer de volta personagens icônicos e um roteiro arrebatador, era cinema de verdade, com senso de escala e de espetáculo. Era, enfim, digno de perfilar entre os filmes canônicos da série. É claro que RO não se propõe a ser um marco na história de Star Wars, com a envergadura dramática do filme anterior, embora seja tão sombrio, que nem todos os sabres de luz enfileirados poderiam iluminar. Faz sentido se entendermos que é uma ramificação da história principal, mas, aqui, alguns problemas causaram um distúrbio na Força. Os personagens só pegam no tranco, mesmo assim não se sustentam no decorrer da trama. Donnie Yen e Wen Jiang, como guardiões do templo Jedi, foram os que mais impressionaram positivamente. Mads Mikkelsen mostra a competência de sempre como pai da protagonista Jyn Erso e projetista a Estrela da Morte, embora fique pouco em cena. Forest Whitaker, como o líder extremista Saw Gerrera, faz um bom trabalho, apesar do exíguo tempo que lhe foi dado. E Peter Cushing, mesmo em CGI, é muito mais carismático e talentoso que muitos atores que se esforçam, mas não dão conta do recado, como a protagonista Felicity Jones e seu par, Diego Luna, todos meio sem força, se me perdoam o trocadilho. E o que dizer do paupérrimo CG que reproduz a Princesa Leia como se fosse uma Barbie com problemas hepáticos? A grande questão, a meu ver, é a escolha do diretor Gareth Edwards que, até então, só tinha dois longas no currículo: MONSTROS, de 2010, que é maravilhoso, e GODZILLA, de 2014, que é um desastre. Convenhamos, não se pode colocar na direção de um filme de uma franquia tão forte (embora, como já foi dito, ROGUE ONE seja um filme aquém das expectativas) um sujeito com tão pouca experiência, que claramente se intimidou ao lidar com um universo tão rico e impactante. Ou seja, não há em ROGUE ONE aquilo que STAR WARS é capaz nos seus melhores momentos, que é um mix de emoção, deslumbramento, inquietação e respeito, tudo o que se abate sobre nós ao primeiro acorde da memorável trilha de John Williams, enquanto os já famosos letreiros iniciais nos situam no tempo e no espaço. Letreiros que, por sinal, não estão, pela primeira vez, num filme desta série que aprendemos a amar, sem entender nem desistir, pois a Força, uma vez sentida, estará sempre conosco, não é Gabriel?