RUA CLOVERFIELD, 10 (10
CLOVERFIELD LANE, USA 2016) – Temos, aqui, um bom exemplo de
que menos é mais. RUA CLOVERFIELD 10 é um filme enxuto – um cenário, três personagens
e poucos (e pertinentes) efeitos especiais -, cuja grande matéria-prima é o
senso de ritmo que o diretor estreante Dan Trachtenberg imprime em 103 minutos
de plena satisfação cinematográfica. Produzido por J.J. Abrams, o filme é um
saudável manifesto de que o cinema de verdade não é a quantidade de efeitos espetaculosos
que o dinheiro pode comprar, mas, sim, a calibragem perfeita de tempo, composição,
montagem, compressão e expansão, indução e revelação. Há, na história,
elementos irresistíveis para uma boa trama: sigilo, segredo, dúvida, suspense,
surpresa, uma garota (a cativante Mary Elizabeth Winstead) perdida em meio a
este caos psicológico, um sujeito misterioso (o soberbo John Goodman) e uma
ameaça à humanidade, que pode muito bem ser de origem alienígena. Filmes espartanos,
como 10 CLOVERFIELD LANE, com um cenário, poucos atores, roteiros ágeis e
inteligentes revalorizam os fundamentos do cinema.