sábado, 18 de fevereiro de 2017

2894 - LA LA LAND


Emma Stone, Ryan Gosling e LA, ao fundo
    
LA LA LAND (USA, 2016) – O filme de Damien Chazelle (de Whiplash) é uma homenagem ao cinema, ao jazz, à dança, à cidade de Los Angeles, aos amores conectados e interrompidos ao sabor dos sonhos arquetípicos que todo mundo tem, tudo dentro de uma lógica escapista, sim, mas que cumpre, com eficácia, seu papel de entreter num total “suspension of belief”, bem ao estilo de Coleridge. Há cenas que vão ficar na memória: Ryan Gosling e Emma Stone, no cinema, as mãos se procurando como dois polvos na escuridão; a dança suspensa no planetário e, claro, o dueto ao amanhecer, com Los Angeles ao fundo. Ryan e Emma estão em perfeita consonância com o ritmo do roteiro que evoca as parcerias mesmerizantes entre Fred Astaire e Ginger Rogers e nos apresenta uma situação incômoda – toda a aspiração em LA LA LAND vem invariavelmente emoldurada em frustração e amargura, sem que isso seja um demérito desta produção favorita ao Oscar deste ano. Os sonhos existenciais e os seus limites são reflexo da mistura de concreto e neon de LA, na qual a aspirante a atriz e o pianista frustrado vão se conhecendo e, assim também entendendo a dimensão libertadora da perda inexorável dos sonhos que julgávamos indestrutíveis. A última cena é devastadora, para quem tem coração.