DEXTER – TERCEIRA TEMPORADA (DEXTER,
THIRD SEASON, USA, 2008) – Esta
terceira temporada se concentra num fato novo na vida do serial-killer mais adorável
do planeta: alguém quer ser tornar seu melhor amigo. Este alguém é Miguel Prado
(Jimi Smits, excelente), um magistrado que, em tese, referendaria a noturna atividade
extracurricular de Dexter, ao perpetrar, ele mesmo, alguns “projetos
socialmente higienizadores” na grande Miami. Desta forma, Miguel usa seu relacionamento
com Dexter como um aprendizado das técnicas de eliminação asséptica que nosso
herói tão bem domina e que é magistralmente apresentada quando vemos, em um dos
episódios, como se “acaba” uma amizade. Paralelamente, Dexter descobre que vai
ser pai e sua ligação com Rita se intensifica, ao mesmo tempo que o faz descobrir
a possibilidade de uma vida “mais normal”. As participações do seu finado pai
ficam cada vez mais interferentes, o que me levou a considerar uma influência
hamletiana na ligação anímica dos dois: de fato, o nível de consciência de
Dexter (assim como em Hamlet) se amplifica na medida que seu pai o questiona nas
situações mais agudizadas da história, trazendo-o, eventualmente, à trilha da
razão. Sim, DEXTER é, entre outras coisas, um exercício prevalência da razão sobre
a emoção, o que torna as atitudes do personagem uma irresistível oportunidade
para o autoconhecimento. Sócrates haveria de aprovar esta maiêutica dexteriana.