HOMEM-ARANHA – DE VOLTA AO LAR (SPIDER-MAN:
HOMECOMING, USA 2017) – A Marvel tem tido como característica adotar
uma abordagem mais realista – e, às vezes, cativante – da imperfeição humana de
seus heróis. Aqui, Peter Parker (Tom Holland), ainda empolgado com sua aventura
conjunta com os Vingadores, se vê às voltas com as agruras de um adolescente que
tropeça nas suas impaciências e inseguranças, sequioso por ingressar no mundo
adulto do qual sentiu apenas o gostinho. O diretor Jon Watts tomar liberdades
com os quadrinhos que irritam até os fãs menos “hard” – afinal de contas, o
uniforme “high-tech” dado a Parker por Tony Stark fica meio forçado no universo
aracnídeo no qual a picada da aranha radiativa já explicava tudo, sem manual de
instruções. Holland é um ator de talento – sua atuação em O IMPOSSÍVEL, já demonstrava
isso – mas está exagerado aqui, certamente por culpa da direção e dos roteiristas
que, é óbvio, buscaram inspiração em filmes debiloides de adolescentes e no
clássico CURTINDO A VIDA ADOIDADO (1986). Porém, John Hughes e seu protagonista,
o insopitável Ferris Bueller, estavam mais antenados com os rompimentos de paradigmas
que campeavam na década de 80, o que deu a seu filme a leveza perene que o sustenta
até hoje. Kundera que o diga. Este HOMEM-ARANHA tem uma tocada pop que soa tão
artificial e malfeita quanto os CGIs de algumas cenas. Tudo isso compromete o
filme e nos faz sentir saudades cada vez maiores de Tobey Maguire.