(SOLITARY MAN, USA 2010) -O equivocado título em português quase estraga este interessante filme em que Michael Douglas meio que faz um personagem-espelho de sua vida afetiva, consabidamente afetada pelo vício que ele próprio fazia questão de declarar, não sem com uma ponta de orgulho: sexo. Pois bem, neste filme, ele é Ben Kalmen, um famoso vendedor de carros, que já conheceu melhores dias, que dinamita seu futuro ao ceder à sedução de sua enteada, numa visita a um campus universitário. Lá, trava amizade com um garotão nerd (Jesse Eisenberg), para quem será uma espécie de tutor. A relação dos dois não descamba para o paternalismo raso. O roteiro do filme é delicado demais para sentimentalismos. Não se fala em redenção. Fala-se da em inconsequências afetivas - e em seus efeitos colaterais - sem juízos morais. Kalmen não tem medo da solidão, mas, sim, da miséria, da qual se dá conta após um torvelinho de episódios comoventes e hilários que nos levam ao impacto da cena final, tão singela como dramática. Atenção para o excepcional Danny DeVito e para a sempre resignada ex-esposa interpretada por Susan Sarandon.