terça-feira, 17 de dezembro de 2013

2194 - UM MÉTODO PERIGOSO

(A DANGEROUS METHOD, Inglaterra/Alemanha/Canadá/Suíça) - Sou fã de David Cronenberg, por isso fiquei curioso para saber como ele iria mostrar como Jung e Freud progrediriam de uma relação confortável entre discípulo e mestre para o ressentimento, o ataque e o ódio. Fica claro, no filme, o simbolismo psicanalítico entre o aluno e a figura paterna que, logicamente, Freud encarnava muito bem. De fato, o roteiro nos traz um Jung fraco que, no fundo, deseja o parricídio que nunca será capaz de perpetrar, emocionalmente, é claro - Jung teve um longo período de glória, mas é sob a égide de Freud, não a sua, que vivemos até hoje. Não obstante, Michael Fassbender dá a seu Jung a dimensão de uma colisão controlada de ambição científica, desejo rebelde e necessidade de afirmação. É por aí que, diante de Freud (Viggo Mortensen), ele tentar justificar sua relação amorosa com Sabine (Keira Knightely), uma ex-paciente que logo vai, também, se tornar uma psicanalista. Embora começasse a formular uma teoria dissidente da libido (como professava Freud), o Jung do filme quase põe tudo a perder ao se enrabichar pela mulher que lhe dava os prazeres que a esposa (esta, sim, objeto mais evidente de uma psicanálise mais intensa) lhe negava.