terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

2226 - TUDO PELO PODER

(THE IDES OF MARCH, USA 2011) - George Clooney acerta na direção deste thriller político que mostra que, quando estão em jogo as possibilidades de ganhar uma eleição - qualquer eleição -, ninguém pode ser considerado um herói. Além de Clooney, o filme tem um elenco mais que especial: Philip Seymour Hoffman, que morreu domingo passado, vítima de overdose, Paul Giamatti, Ryan Goslin e Evan Rachel Wood. O roteiro é primoroso, coeso, instigante, que começa com um ilusório tom cômico, que vai se transformando gradualmente até um cenário inesperadamente mais dramático. Clooney também faz parte da equipe de roteiristas, o que me leva a crer que é bem possível que ele, em breve, se torne também um dos grandes diretores de Hollywood. A história nos prende através da afeição gerada pelos personagens. Clooney soube muito bem criar fortes vínculos na relação personagem/público. “Tudo pelo Poder” é um filme de drama baseado em conflitos políticos. Todavia, com essas três reviravoltas, ele passa a ser também um longa de personal vendetta com toques extremamente mínimos de investigação. O roteiro não teria a força narrativa que possui se não fosse pelo trabalho do elenco invejável do longa. Ryan Gosling, mostra que não brinca em serviço mais uma vez. Seu personagem, Stephen Meyers, é uma construção cuidadosa e sutil de um homem que, de certa forma, perde a sua inocência ao se ver diante do jogo sujo dos bastidores da política. E, de fato, Philip Seymour Hoffman consegue, literalmente, roubar cada cena em que aparece. É impressionante sua capacidade de criar empatia comm o espectador, não importa o personagem. Vai fazer muita falta.