sábado, 22 de fevereiro de 2014

2232 - MEU NAMORADO É UM ZUMBI

(WARM BODIES, USA 2013) - Sim, o título em português é ruim (a versão direta do inglês teria sido muito melhor), mas a história é bem mais do que se pode supor, incluindo várias referências a ROMEU E JULIETA. Só a primeira meia hora já valeria o filme: numa narração cheia de humildade e simpatia, o zumbi R (ele esqueceu o nome) conta como é sua rotina num mundo dividido entre zumbis que nem ele, uns esqueletos vorazes e hostis e o que ainda restou da humanidade. Não é só a monotonia de ser morto-vivo que incomoda R (Nicholas Hoult, o então menininho do ótimo O GRANDE GAROTO, com Hugh Grant, numa comovente atuação entre o macabro e o cativante). O que mais lhe dói é a solidão. Um dia, porém, o coração de R faz algo inesperado: contrai-se numa sístole, provocada pela visão da linda sobrevivente humana, Julie (Teresa Palmer, mais linda e doce impossível). É aí que entra uma das grandes sacadas do filme, ao se ouvir HUNGRY HEART, de Bruce Springsteen, um achado em termos de adequação ao enredo. R, claro, se apaixona por ela, mas esbarra na seu atual status de zumbi: como levar a relação adiante, se ele nem consegue conversar com ela (como qualquer garoto apaixonado, aliás, zumbi ou não)? O toque lírico se harmoniza neste filme com a originalidade de adotar o ponto de vista dos zumbis, um ser, na sua essência, não muito diferente do que se vê, hoje em dia, num mundo em que a maioria das pessoas parece mesmo não ter vida. É um filme para quem ainda não está morto por dentro.