quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

3194 - ESCOBAR: A TRAIÇÃO

      
ESCOBAR, A TRAIÇÃO (LOVING PABLO, Espanha e Bulgária, 2017) – A vida de Pablo Escobar não daria apenas um filme. Daria vários, como já vem acontecendo. A série da Netflix, com Wagner Moura (nas três primeiras temporadas) é excelente, com uma produção caprichada e um elenco afiado - a começar por Moura. Benício Del Toro também o interpretou, em ESCOBAR: PARAÍSO PERDIDO. Agora, Javier Bardem incorpora, também magistralmente, Escobar e seu comportamento sádico, violento, vingativo e, até certo ponto, regressivo, sob o ponto de vista psicanalítico. Afinal, o que queria Pablo Escobar da vida? Tornar-se apenas poderoso, rico, sem limites, ter sempre mais do mesmo? Para quê? Morrer num telhado de uma favela de Medelín, sem o glamour da vida que levara até há bem pouco tempo? Este é o tipo de coisa que me pergunto diante de um personagem tão fascinante, e incompreensível, sob uma perspectiva racional. Neste filme, há um desencontro de foco narrativo: nunca se sabe ao certo se a história é contada por Virgínia Valeja (Penelope Cruz), jornalista e amante de Pablo, ou se por ele mesmo. O diretor Fernando Aranoa se limitou a revisitar episódios conhecidos da biografia do traficante e, por pouco, o resultado não foi mesmo uma droga. Pablo Escobar’s life would not result in only one movie. There would be many, as it has been happening. The Netflix production NARCOS, with Wagner Moura, is outstanding and has a great cast. Benício Del Toro also played the character in ESCOBAR: PARADISE LOST (2014). Now Javier Barden masterly plays Escobar, showing his sadist, violent, vindictive and, to a certain extent, regressive behavior, from a psychoanalytic point of view. What did Escobar wanted from life, after all? Become just powerful, rich, limitless, having always more of the same? What for? To die on the roof of a Medellin slum, deprived of the glamour he had all his life...? That is the kind of thing I have always asked myself when I analyze such fascinating, and rationally incomprehensible, character. In this movie, there is a disconnection between the narrative focus: we never know if the story is told by Virgínia Valeja (Penelope cruz), journalist and Pablo’s mistress, or by Pablo himself. The director Fernando Aranoa only revisited well-known episodes of Pablo’s biography and, by a thin hair, did not spoil the result, what has made the audience and the critics sniff at the movie.