quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

3189 - OPERAÇÃO RED SPARROW

     
OPERAÇÃO RED SPARROW (RED SPARROW, USA, 2018) Há um trambolho linguístico que, vez por outra, se espalha pelo discurso de gente dita “descolada” que, a meu ver, deveria desaparecer: diz-se, sem pena dos ouvidos mais sensíveis, que “fulana sensualizou”, assim, intransitivamente, eliminando inapelavelmente, o objeto direto, com um tiro perfeito na testa da gramática. É exatamente assim que trabalha a agente secreta russa Dominika Egorova (Jennifer Lawrence, explorando ao máximo o corpo e capacidade de ser sexy): letal, fria, sedutora, usando a sexualização como arma, apesar dos paradoxos do viés puritano do pós-feminismo, num cenário de uma interessante paranoia acerca da extensão do desejo russo de recuperar a glória soviética. É um papel arriscado que só uma atriz corajosa, bonita, sexy, e com moral para se impor em qualquer produção em que esteja, seria capaz de incorporar. Jennifer Lawrence é tudo isso. De acordo com muitas resenhas, ela “sensualiza” o tempo todo. O verbo, além de ser usado de forma pouco precisa em português, convenhamos, é pouco para ela... there is a linguistic invention that sometimes comes up in some “cool” people’s discourses: the verb “sensualize” is not intransitive in Portuguese, it needs a direct object. Not doing that is like shooting the grammar in the head. That is the way the Russian secret agent Dominika Egorova (Jennifer Lawrence, exploiting her body and the ability to be sexy at the most) works: lethal, cold, seductive, using sex as a weapon, in spite of the post-feminism puritan trait, in a scenario of an interesting paranoia about the Russian desire to recover the soviet glory. It is a risky role that only a bold, beautiful, sexy and respected actress could play. Jennifer Lawrence is this person. According to many reviews, she “sensualizes” all the time. Besides being used imprecisely in Portuguese, the verb “to sensualize” is not enough to describe what she does….