(BEE GEES - IN OUR OWN TIME, USA 2010) - In Our Own Time
é filme que prende a atenção porque a história dos Bee Gees é cheia de
altos, baixos e lances surpreendentes no jogo da indústria do disco. Nos
anos 60, eles eram garotos que conquistaram a Inglaterra e os Estados
Unidos - e, por tabela, o mundo - com suas canções melodiosas, como I Started a Joke
(1968), e seus vocais que harmonizavam com maestria as vozes agudas de
Barry e Robin, os melhores cantores do trio. Em meados dos anos 70, após
amargar breve período no ostracismo, os irmãos Gibb se reinventaram -
sob a batuta do produtor Arif Mardin (1932 - 2006) - ao redirecionar
suas vozes para os ritmos negros. Começava a nascer ali a música
dançante que faria o som dos Bee Gees se tornar a febre de sábado à
noite - e dos outros seis dias da semana - quando John Travolta,
travestido de Tony Manero, rodopiou nas pistas ao som dos incendiários
temas fornecidos pelo grupo para a trilha sonora do filme Os Embalos de Sábado a Noite (1977). Seguiu-se um álbum arrasador, Spirits Having Flown
(1979), que manteve os Bee Gees no topo até que, vítimas dos efeitos
colaterais da superexposição, os irmãos Gibb se refugiaram nos
bastidores para criar hits para cantoras como Dionne Warwick e Dolly
Parton. Como In Our Own Time reconta a
história sob ótica oficial, o filme omite o fato de que o grupo também
contribuiu para esse período de baixa ao apresentar em 1981 um dos
álbuns menos inspirados de sua carreira, Living Eyes (1981), hoje um dos títulos mais raros da discografia do trio. A recuperação, em proporções menores, viria somente em 1987 com E.S.P. - álbum que rendeu ao grupo o hit You Win Again.
Na sequência, sucessos espaçados mantiveram os Bee Gees em cena. A
febre passou, mas a música do trio ficou na História. Entre altos e
baixos, os Bee Gees são donos de um dos cancioneiros mais sedutores de
todo o universo pop. Já devidamente reconhecido, o legado do irmãos Gibb
é tão rico que justifica até um DVD, a rigor redundante, como In Our Own Time. Devo a Kleber este mergulho na história magnífica do grupo.