sábado, 1 de março de 2014

2245 - O VOO

(FLIGHT, USA 2013) - De Robert Zemeckis. É impressionante a atuação de Denzel Washington neste filme, em que ele faz um piloto alcoólatra e viciado em cocaína que consegue fazer uma aterrisagem forçada, salvando a maioria dos passageiros.  Denzel Washington esbanja domínio cênico. Já surge como o diabo da música dos Rolling Stones, pedindo simpatia, e quando chega a hora de mostrar serviço só falta cheirar uma carreira de cocaína com o avião de cabeça pra baixo, paraque não fique qualquer dúvida de que ele é o cara, mesmo cheirado à décima potência. Não é por acaso que, de todas as questões que O Voo aborda - do escape na religião ao comentário sobre o corporativismo -, a principal seja a questão midiática, porque afinal o espetáculo está contido nela. Do hospital, o piloto assiste ao seu pouso espetacular nos noticiários na TV, então desde o início ele tem consciência do caráter midiático de sua história. Zemeckis engana o espectador, faz crer que o piloto alcançará sua redenção na privacidade de uma noite sem nuvens (de onde, como ao longo do filme, podemos ouvir um novo avião no céu), mas só num evento midiático é possível assumir responsabilidades de fato.E Denzel, sem distress, as encara, obviamente, mas não sem antes dar um último show, para poucos privilegiados e em segredo, digno dos maiores roqueiros destruidores de quartos de hotel. Atenção para a cotia Nadine Velazquez, a comissária capaz de desviar o rumo das nuvens.