(FLIGHT, USA 2013) - De Robert Zemeckis. É impressionante a atuação de Denzel Washington neste filme, em que ele faz um piloto alcoólatra e viciado em cocaína que consegue fazer uma aterrisagem forçada, salvando a maioria dos passageiros. Denzel Washington esbanja domínio cênico. Já surge como o diabo da música dos Rolling Stones,
pedindo simpatia, e quando chega a hora de mostrar serviço só falta
cheirar uma carreira de cocaína com o avião de cabeça pra baixo, paraque não fique qualquer dúvida de que ele é o cara, mesmo cheirado à décima potência. Não é por acaso que, de todas as questões que O Voo aborda -
do escape na religião ao comentário sobre o corporativismo -, a
principal seja a questão midiática, porque afinal o espetáculo está
contido nela. Do hospital, o piloto assiste ao seu pouso espetacular
nos noticiários na TV, então desde o início ele tem consciência do
caráter midiático de sua história. Zemeckis engana o espectador, faz
crer que o piloto alcançará sua redenção na privacidade de uma noite
sem nuvens (de onde, como ao longo do filme, podemos ouvir um novo
avião no céu), mas só num evento midiático é possível assumir
responsabilidades de fato.E Denzel, sem distress, as encara, obviamente, mas não sem antes dar um último
show, para poucos privilegiados e em segredo, digno dos maiores
roqueiros destruidores de quartos de hotel. Atenção para a cotia Nadine Velazquez, a comissária capaz de desviar o rumo das nuvens.