(ALL IS LOST, USA 2013) - Neste filme, Robert Redford interpreta magistralmente um enredo do qual ninguém pode fugir: o da mortalidade. Perdido no meio do oceano Índico, depois que seu veleiro tem o casco rompido por um contêiner à deriva, o Homem (assim mesmo, sem nome) demonstra uma calma inabalável, inicia o reparo do barco e vai lutando contra os reveses que aparecem: o rádio quebrado, uma procela devastadora, a falta de água potável, o perigo de tubarões, tudo isso com a maior serenidade possível, característica de quem aprendeu a ter boa tolerância com os sofrimentos que a vida impõe. Não é fácil. Seu corpo já não o acompanha como deveria, e as tarefas são executadas sempre mais lentamente do que deveriam. Não há gesto ou recurso que o protagonista empregue que não seja irretocável do ponto de vista prático. Esta característica do roteiro reforça o âmbito simbólico do filme: na vida, também estamos sozinhos, o tempo todo, e só contamos mesmo é conosco diante das dificuldades. Cabe a nós encontrar a melhor maneira de sobreviver ao isolamento existencial, começando por aceitá-lo, doce e serenamente e acreditar que, ao contrário do título em inglês, nem tudo está perdido.