segunda-feira, 30 de junho de 2014

2332 - O FILHO DA NOIVA

(EL HIJO DE LA NOVIA, Argentina/Espanha 2001) - Juan José Campanella se esmera no tratamento delicado das relações humanas. Rafael Belvedere (Ricardo Darín, o malandro-chefe de Nove Rainhas), um quarentão estressadíssimo, pai divorciado, administra o restaurante de seu pai, Nino (Hector Altério), mas não tem realizações próprias das quais se orgulhar. Para piorar, sua mãe, Norma (Norma Aleandro), começa a sofrer os primeiros sintomas de Mal de Alzeheimer, a perda da memória. Mas quando Nino propõe a Norma um novo casamento na igreja, para reforçar votos feitos há quarenta anos, Rafael, o filho da noiva, percebe o momento de mudar também sua própria vida. Vale destacar a preparação da película. A história se baseia na experiência real do diretor, cuja mãe realmente sofre da doença. Quando convidou Norma Aleandro para o difícil papel, a atriz temia não alcançar o ponto certo da interpretação. Campanella levou Norma a um passeio de carro, juntamente com sua mãe. Escondida no banco de trás do automóvel, bastou à atriz alguns momentos para entender a situação. Na tela, o desempenho de Norma surpreende pela segurança. Esse processo intimista e atencioso de composição, de aprendizado, reflete-se no filme. Com piadas e referências da cultura pop (com referências a sitcons) intercaladas pelas belas atuações do trio protagonista, o resultado agrada no riso e no choro, com passagens emocionantes de verdade. Campanella inova ao exibir, como pano-de-fundo, a tempestade econômica em Buenos Aires. E consegue impor seu estilo em situações teoricamente previsíveis - em uma cena, a discussão de Rafael com seu melhor amigo acontece em meio às tomadas de um filme fictício; em outra, a reconciliação com sua amada é exibida através do videofone de um apartamento. Mais um grande filme com o grande Ricardo Darín.