(THE GOOD, THE BAD AND THE UGLY, Itália, Espanha e Alemanha, 1966) - Quis rever este filme por causa da recente morte de Eli Herschel Wallach, o Feio do título original. Última edição da famosa "trilogia dos dólares", de Sergio Leone, cujas marcas registradas já fazem parte do imaginário dos westerns: close nos rostos suados e sujos, um longo tempo sem qualquer fala, ótimos enquadramentos em busca do perfeccionismo, humor ácido, momentos que pegam o espectador de surpresa com cortes emocionantes e um permanente clima de suspense em todas as sequências. E, claro, a que talvez seja a trilha sonora mais famosa de todos os tempos, composta pelo maestro Ennio Morricone (ouça, abaixo). Clint Eastwood interpreta o papel de Blondie (Loirinho) e também é apresentado como “O Bom” (apesar de não ser tão bom assim); Lee Van Cleef é Angel Eyes (Olhos de Anjo) e também “O Mau” (o nome tem tudo a ver); e o papel do “Feio” (cujo verdadeiro nome no filme é Tuco Benedicto Pacífico Juan-Maria Ramirez) fica, como já disse, para Eli Wallach, numa atuação marcante e sendo o principal ator da trama, conseguindo dar ao seu personagem uma atitude engraçada e, ao mesmo tempo, vingativa. Estes epítetos se referem à analogia do comportamento dos três personagens. Leone investe em jogos de cena bem realizados para mostrar justamente as emoções mais latentes dos personagens envolvidos em disputa e dominados por ódio e ganância. Com cortes rápidos e zoom frontais, é quase impossível não se envolver no clima árido do deserto, como se estivéssemos contracenando com os atores. O personagens são tão bem construídos, que a troca de olhares frios entre eles, por vezes, tenta transmitir a segurança que eles fingem possuir, podendo ser comparadas a jogadas de pôquer. Um clássico imperdível.