O BOM
GIGANTE AMIGO (THE BFG, USA, ENGLAND, CANADA, 2016) – Encantadora adaptação de
Steven Spielberg de uma história para crianças escrita por Roald Dahl, cuja
criatividade excêntrica combina perfeitamente com a forma com que o diretor de
E.T. lida com as questões mais profundas do universo infantil. O gigante que dá
nome ao filme sequestra Sophie (Ruby Barnhill, um encanto, em todos os
sentidos), de um orfanato em Londres, depois que ela descobre sua existência
(sim, gigantes precisam de anonimato). O bom gigante (CGI a partir de um
desempenho excepcional do estupendo Mark Rylance, de PONTES DOS ESPIÕES). A
partir daí, uma amizade inesperada floresce entre ele e Sophie, duas criaturas
solitárias e, de certa forma, deslocadas de seu meio, quase marginais em função
da imensa sensibilidade que lhes habita a alma, enquanto se aventuram num mundo
mágico, no qual se pode – veja só – sair à noite para caçar sonhos. É mais uma
vez notável a habilidade de Spielberg para dirigir crianças e transformar suas
atuações em pequenas obras-primas que constituem o prazer mais inefável de
apreciar a arte cinematográfica nas mãos mágicas de um de seus maiores mestres.