FOME
DE PODER (THE FOUNDER, USA 2016) – Michael Keaton é um
daqueles atores que o cinema vai redescobrindo em pequenas obras de qualidade
(BIRDMAN é um exemplo), como uma homenagem tardia, mas inteiramente justa. É o
caso aqui: Keaton interpreta, com energia frenética, Ray Kroc, o homem que
notou a possibilidade de ampliar as franquias de uma lanchonete modesta, mas
eficientíssima, numa cidade da Califórnia, na década de 50, chamada McDonald’s.
O roteiro enfoca o esforço ( e também a falta de ética e grandes doses de
traição) de Kroc para se apoderar do negócio fundado por dois irmãos (Maurice e
Richard McDonald) cuja única ambição era tornar seu restaurante ‘fast food’
realmente eficiente. Keaton tem uma atuação que flutua entre a ambição e a maldade
compulsiva – seu personagem não hesita em passar por cima de quem quer que seja
para alcançar seus objetivos. Tudo isso pode ser lido como resultado do ambiente
altamente competitivo da sociedade americana, aquele que possibilita o sucesso e
a glória dos “winners”. Mas, por outro lado, também mostra o quanto de selvageria
e desumanidade pode haver na “terra das oportunidades”. O título em português está
perfeito.