João Miguel e Fabíula Nascimento |
ESTOMÂGO
(BRASIL, 2008) – O filme ainda se sobressai diante do mais
recente cenário do cinema nacional, recheado de obras descerebradas,
principalmente comédias, como uma incisiva – e até certo ponto incômoda - visita
ao universo “bas fon” do centro da cidade de São Paulo e seu ambiente gastronômico
popular. Permeando o senso de humor quase grosseiro, percebe-se uma obra
original que mistura paixão, vingança e comida. A história, contada em dois
tempos, mostra a trajetória do nordestino Raimundo Nonato (João Miguel, em
ótimo desempenho), chegando a São Paulo e arrumando emprego num boteco, e sua
presença num presídio, onde ganha status por cozinhar para os companheiros de
cela. A edição muito bem realizada dá ritmo e emoção às cenas em que se destaca
a exuberante presença de Fabíula Nascimento, numa atuação de dar água na boca. De
fato, não é um filme para todos os gostos, mas é infinitamente superior aos equívocos
artísticos e criativos que o cinema brasileiro tem produzido na última década.