o retrato da solidão |
ELA (HER, USA, 2013) – Este é um filme perfeito. Theodore (Joaquin
Phoenix) é um solitário, num mundo tecnológico transido de elementos retrôs,
que se apaixona pela voz do sistema operacional de seu computador. E não é
qualquer voz: é Scarlett Johansson, mais presente e mesmerizante do que nunca. Spike
Jonze nos leva a refletir sobre o que dizia Einstein sobre os riscos de
desumanização da ciência: “É assustadoramente óbvio que nossa tecnologia ultrapassou
nossa humanidade”. Por outro lado, nos faz lembrar de Artur C. Clarke: “qualquer
avanço tecnológico não se distingue da mágica”. O sempre complicado processo afetivo é exposto
de maneira sutil e sensível, ao apresentar a possibilidade amorosa independente
da presença física, mas eivada pelo fantasma do abandono e da armadilha da ilusão
de posse. É um filme perfeito, pela história, pela originalidade da abordagem
e, além de tudo, por Scarlett e sua impressionante capacidade de estar presente
na mais absoluta ausência. This is a perfect movie. Theodore (Joaquin
Phoenix) is a lonely man in a technological world fraught with retro elements,
who falls in love with the voice of the OS of his PC. Nevertheless, it is not
any voice: it is Scarlett’s, more present and mesmerizing than ever. Spike Jonze
makes us think of Einstein’s words about the risks of science dehumanization: “It
has become appalling obvious that our technology has exceeded our humanity”. On
the other hand, he reminds us of Arthur C. Clarke: “Any sufficiently advanced
technology is indistinguishable from magic”. The always-intricate loving
process is displayed in a subtle and sensitive manner when it shows love
possibilities independent of physical presence, but still trespassed the phantom
of abandon and of the illusory possession trap. It is a perfect movie – because
of the original story and, above all, because of Scarlett and her impressing capacity
for being present in the most absolute absence.