sábado, 10 de agosto de 2013

2113 - A SEPARAÇÃO


(JODAEIYE NADER AZ SIMIN, Irã, 2011) - este é o tipo de filme que só de muito em muito tempo surge, seja onde for. O curioso é ter vindo exatamente do Irã, numa época em que o então presidente Ahmadinejad vociferava suas ambições aniquiladoras e perseguia as mentes criativas do seu país. Mas o filme é estupendo! Não bastasse isso, A SEPARAÇÃO é uma magnífica peça de cinema, construída sobre um roteiro superlativo, visualmente executada de forma a fazer o que está no papel repercurtir muito além do que se poderia pôr em palavras e confiada a atores que compartilham com seu diretor a necessidade de se expressar. A história é múltipla e fraturada, dividida entre impulsos divergentes rumo à religião e ao secularismo, à arbitrariedade e ao direito. Vemos, então, uma sociedade cheia de espaços indefinidos entre seus diversos compartimentos, espaços estes propícios à fricção e ao imprevisto - uma visão em que a trama espelha até em seu próprio desenrolar. O impressionante no filme, entre tantas coisas, é a façanha do diretor de não tomar partido de nenhuma das vertentes do roteiro e, assim, conquistar a solidariedade do espectador para a dicotomia inserta na história, expondo com imagens e palavras a ambiguidade dos conceitos de verdade e justiça dentro da sociedade moderna iraniana. Uma obra-prima!