(AMERICAN BEAUTY, USA 1999) - este é um dos melhores filmes "ever". Sempre que o vejo, confirmo esta premissa. Tudo está próximo da perfeição, da história, irretocável, à atuação do elenco mais do que inspirado. Para mim, certamente, é o melhor filme de Kevin Spacey, que faz um personagem memorável, Lester Burnham, um pai de uma família desajustada que resolve romper com a vida desinteressante que vinha tendo, para descobrir e vivenciar uma liberdade como nunca na sua existência. Sua atração pela sedutora amiga da filha é uma referência clara a LOLITA, de Nabokov. tanto que o nome do seu personagem é um anagrama para "Humbert learns". Mas a riqueza do roteiro é tamanha, que há muito mais a ser observado: a crítica a um certo modo de vida da classe média, que aprisiona as pessoas sem que elas tenham a mínima noção disso, o perfil "voyeurista" do rapaz "misfit" que se apaixona pela filha de Lester, os jogos de sedução manipuladores das mulheres bonitas, a homofobia disfarçando a natureza sexual reprimida dos machões etc. Tudo gira me torno de vários simbolismos (o saco plástico "dançando" ao vento) que, ao serem identificados, vão nos tornando mais conscientes das hipocrisias cotidianas, além, evidentemente, da beleza oculta, proustianamente, naquilo que habituamos a ver. Talvez, o aspecto mais especial deste filme seja a forma sutil e crível como os personagens se relacionam, costurando suas histórias pessoais de uma forma natural e, ao mesmo tempo, fantástica. Num papel pequeno, Scott Bakula, o Capitão Archer, de ENTERPRISE. Nota máxima para o supracitado Spacey, Annete Benning, Wes Bentley e o grandíssimo Chris Cooper. E, claro, para o diretor Sam Mendes, que estreou com o pé direito.