(THE BLING RING, USA 2013) - o que mais me chama a atenção neste filme é a curiosa, rara e admirável situação de se ter, numa mesma família, dois de seus componentes - e diretamente ligados por laços sanguíneos - que se expressam pelo mesmo meio, o cinema, mas de forma agudamente diferente. Falo de Sofia Coppola, diretora deste filme, e de seu pai, Francis. Enquanto o patriarca é um dos cineastas mais operísticos e ambiciosos que a indústria americana do entretenimento já produziu, os filmes de Sofia são quase um hai-kai de tão enxutos e aparentemente simples, sempre quietos e calculados, mas invariavelmente interessantes, originais e importantes, como os do pai. O excelente ENCONTROS E DESENCONTROS, que comentei posts atrás, é um exemplo disso. Isso é que me fascina: duas pessoas da mesma família, com a mesma vocação, se manifestando de formas tão diferentes e grandiosas. Quais as chances de isso acontecer? Pouquíssimas, quando penso que só conheci uma mulher na minha vida que tivesse tanta afinidade com o pai. Pois bem, BLING RING fala de um bando de adolescentes riquinhos de Beverly Hills, que cismam de entrar nas casas das celebridades duvidosas da hora, e das quais eles gostavam, para roubar roupas e acessórios e curtir com os amigos. Sofia Coppola enfoca, com sua distância característica, dois aspectos fundamentais para se entender uma geração de desmiolados: o apelo do consumismo desenfreado e a atração pela exposição pública - sim, estes debiloides postaram fotos de tudo que roubaram na Internet, até serem pegos pela polícia. Temos, então, uma parábola da arrogância tão comum de muitos jovens de hoje em dia. Ah, a inglesa Emma Watson, de HARRY POTTER, tem uma atuação excelente e assaz convincente como uma patricinha do Vale do Silício.