sábado, 7 de setembro de 2013

2135 - INTOCÁVEIS

(INTOUCHABLES, França 2011) - Tiro certeiro no descortino da tensa situação social da europa contemporânea, cuja tensão racial é mais uma das características da quase absoluta falta de comunicação entre o universo dos cidadãos brancos e dos descendentes de imigrantes oriundos das ex-colônias, INTOCÁVEIS é um filme soberbo, tanto na complexidade que simboliza, quanto na singeleza de um roteiro que deveria ser modelos para outros: emocionante. Philippe (François Cluzet), milionário e colecionador de arte, e seu cuidador, Driss (Omar Sy), um jovem senegalês que acabou de cumprir uma breve temporada na prisão por furto, viram improváveis melhores amigos. O convívio dos dois faz com que Philippe readquira seu senso de humor e perca um tanto de autopiedade, e que Driss saia de seu mundo culturalmente acanhado e reprimido pelo clima de confronto aberto que domina este segmento social na França, provocando a diluição, a desfiguração ou mesmo a destruição da matriz cultural e étnica destes indivíduos. Cluzet e Sy fazem um trabalho magistral, tanto que este se tornou o primeiro negro a ganhar o César, o Oscar francês. O filme é baseado numa história real, cujos protagonistas aparecem no meio dos créditos finais, numa imagem emocionante. Se fosse num cinema em Friburgo, ninguém veria esta parte, pois os selvagens espectadores daqui fazem questão de se levantar antes de o filme acabar, como se isso lhe desse uma espécie de status (status de retardados...).