domingo, 8 de setembro de 2013

2136 - JOBS

(JOBS, USA 2013) - Na onda recente de biografias cinematográficas, esta, sobre Steve Jobs, é lamentavelmente infestada de clichês e muito longe de estar à altura do personagem principal que, por sua importância no mundo pós-moderno, mereceria uma produção menos antiquada, que repisa lugares-comuns que não cabem mais no cinema de hoje. Tudo começa errado já na escolha de Ashton Kutcher para interpretar o personagem-título. Apesar da semelhança física, logo se confirma os limitadíssimos recursos dramáticos de Kutcher, que não consegue dar vida ou alma a Jobs, desde o aluno rebelde, o funcionário hippie (e avesso a banhos), o visionário ambicioso, até o superexecutivo que é traídos pelos pares gananciosos, mas que volta como herói à empresa que fundou. O melhor desempenho cabe a Josh Gad, no papel de Steve Wozniak, sócio e melhor amigo de Jobs que, por sinal, já apareceu em THE BIG BANG THEORY, no episódio em que Sheldon quer se transformar em um robô. O fundado da Apple era um homem autocentrado na ideia do sucesso a qualquer preço, e foi isso que o levou a revolucionar o mercado dos computadores, fazendo com que qualquer pessoa pudesse ter acesso à tecnologia. Só esta premissa, juntamente com sua fascinante personalidade, já seria o gancho para um grande filme, mas JOBS para construção perfunctória do seu personagem central, desperdiçando, assim, a chance que teríamos para conhecer uma das mais importantes figuras dos últimos tempos. O que se vê na tela é uma ficcionalização em que informações são apenas pinçadas sobre sua passagem pela Índia, o drama de não conhecer seus pais biológicos, a parceria com Woz, e que não tem citação alguma à sua participação na Pixar, que o levou a ser o maior acionista físico da Walt Disney, por exemplo. Como falei, a inusitada semelhança física de Kutcher com Jobs parece algo alvissareiro, mas a frustração vem assim que que o ator (!!!), digamos, entra no personagem. A partir daí é difícil não confundir o Jobs da época hippie com aquele garotão que apareceu na porta de Alan Harper (Jon Cryer) e substituiu há dois anos o falecido Charlie Harper (Charlie Sheen) em TWO AND A HALF MEN. Em JOBS, Kutcher é um tanto mais excêntrico e temperamental, com mania de andar descalço e gritar com subordinados, mas parece o mesmo jovem mimado que enriqueceu com o boom da informática. Acabou com seriado de que tanto gosto e fez o mesmo com este filme.