terça-feira, 10 de setembro de 2013

2138 - APENAS O FIM

(BRASIL, 2008) - Nada mais repetitivo e, ao mesmo tempo, mais original, do que o desenlace, sempre doloroso, das histórias de amor. É o que parece nos mostrar a história em que Tom (Gregório Duvivier) tenta convencer sua amada (Érika Mader) a não abandoná-lo. Diálogos poéticos, salpicados de abandono, traduzem uma carta de intenções em que muitos de nós poderemos nos reconhecer. As situações são revestidas de referências pop e piadas sobre marcas da sociedade de consumo e da indústria cultural. Não deixa de ser uma forma de mostrar como foi formada a subjetividade e a juventude infantil dos personagens. As referências a uma série de produtos e de personagens de séries, ou em série, assim como a games e bandas de pop, não são apenas estratégias de esbanjar os dados de contemporaneidade. Essas referências são os personagens: eles são o que consumiram. Ele é um nerd com os óculos do avô, uma mistura teen da Gávea entre Woody Allen e Paul Giamatti, que fala sem freios na língua e, diante do drama do desfecho de uma relação, faz piadinhas o tempo todo. Ela é uma patricinha cheia de si, que, zarpando para fora do namoro e do Rio, não perde a pose de gatinha da turma. Um fala do outro, eventualmente com carinho, a maior parte do tempo com ironia, porque, afinal, o romantismo a sério, aparentemente, é bloqueado como possibilidade, talvez por ser considerado démodé ou apelação sentimental. Rodada no campus da PUC, na Gávea, APENAS O FIM serve como digital cinematográfica para uma geração integrada via MSN, que admira Tarantino como seu Goddard e considera O BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS, como seu "Pierrot le fou". Ou seja, mesmo que lembre muito o ANTES DO PÔR DO SOL, com Julie Delpy, muito linda, reaparecendo na vida de Ethan Hawke, este palavrório sobre paixões perdidas é o momento Claude Lelouch, com enquadramentos que nos remetem imediatamente a UM HOMEM, UMA MULHER, de 1966. Para quem acredita no amor, vale dar uma olhada.