(THE PLACE BEYOND THE PINES, USA 2012) - A narrativa do filme se desenvolve através de uma série de acasos - um sujeito esbarra no outro, a vida deles muda, o tempo passa e, de uma forma inesperada, eles voltam a se encontrar 15 anos no futuro. Não, não há nada de ficção científica nesta história totalmente possível num mundo real, onde as relações humanas se interligam de maneira surpreendente, mostrando como pequenos detalhes (de todos nós) definem a trajetória de uma pessoa. Levam ao tal lugar onde tudo termina. Aquele reencontro do motoqueiro Luke (Ryan Gosling) com a garçonete Romina (Eva Mendes) nos remete ao mesmo clima de intimidade e de coisas não ditas que os casais em pleno estado de desencontro (como aconteceu com a gente, lembra?) parecem trazer dentro de si . Ao rever Romina, Luke descobre que tem um filho recém-nascido - é peso suficiente para tirar o protagonista do rumo. O filme explora com bastante competência os caminhos e os ciclos que acontecem na vida, sempre arriscados e sem garantia, como já sugere a imagem que abre o longa: a apresentação do motoqueiro num globo da morte num circo. Luke gira em círculos antes de se reencontrar com Romina, como se procurasse sempre um porto seguro, e, depois de saber que é pai, resolve acelerar com sua moto numa floresta - ação que o diretor registra com incomum talento, numa metáfora do sentimento de despertencimento de Luke. Ao longo das duas horas e meia de filme, uma série de eventos bem plausíveis provocará uma perseguição envolvendo um policial novato (Bradley Cooper, excelente) e as reverberações desses fatos na vida de outras pessoas. Só uma observação: Gosling é um ótimo ator e, aqui, na caracterização psicológica e física do personagem, está muito parecido com o Maicon de Murilo Benício em O HOMEM DO ANO, realizado anos antes.