(XXY, Argentina, 2007) - É uma pena, mas a presença do grande Ricardo Darín neste filme não salva a história que tinha tudo para ser um marco na discussão de um dos mais intrigantes fenômenos sexuais, a Síndrome de XXY, também conhecida como Síndrome de Klinefelter, que atinge homens que têm um cromossomo X a mais - e por isso desenvolvem testículos menores e produzem menos testosterona na juventude, o que pode lhes dar aspecto feminino. Até entendermos isso, lá para o meio da história, vamos achando que o filme trata de hermafroditismo. Darín é um biólogo marinho que tem um filho com estas características e tem com ele uma relação de entendimento e aceitação solidária de um fato que os dois não entendem muito bem. A mãe, em contrapartida, quer porque quer que o filho se transforme de vez em uma menina. Para isso, convida um médico e sua família para passar uns dias com eles, tentando disfarçar uma consulta informal. É aí que a diretora Lucía Puenzo se equivoca: explora situações falsamente didáticas, dando soluções para uma situação que tem sua real dramaticidade sufocada por um simplismo ingênuo e até um pouco arrogante.