ALBUM DE FAMÍLIA (AUGUST: OSAGE COUNTY, USA 2013) – Roupa suja se lava em casa, costuma-se dizer. Neste filme, perturbador e incômodo, ao mesmo tempo com um pé no exagero, Meryl Streep, como sempre, nos faz pensar que a vida, quando encapsulada num roteiro de filme, pode mesmo ser assustadora. Ela é uma mãe infernal (bebe, toma remédios sem parar, dirige devagar demais para o gosto de alguns) que, no fim da vida, decide fazer um acerto de contas com as filhas, situação que provavelmente parecerá familiar aos seus colegas da geração "baby boom" (norte-americanos nascidos entre 1946 e 1964). Claro que não dá para ficar indiferente à boa atuação de Julia Roberts, Sam Shepard, Chris Cooper, entre outros, mas alguma coisa em ÁLBUM DE FAMÍLIA - o título em português é perfeito, mais do que o culturalmente referente original – soa dramático demais, mesmo para o gosto atomista do escritor Tracy Letts, de cuja peça homônima o filme foi adaptado. Não sei, mas John Steinbeck me veio à mente o tempo todo, o que pode referendar ou não o filme. Ainda não decidi. De qualquer forma, o formato teatral de ÁLBUM DE FAMÍLIA permite ao filme se concentrar em duas horas seu comentário desolador sobre o significado que a família pode adquirir: não uma congregação de indivíduos que se apoiam apesar das divergências, como idealmente se espera, mas uma estrutura montada para que pessoas infelizes possam infligir sua infelicidade sobre as outras e assim perpetuá-la geração após geração. Uma nota: ao rever o filme, realmente achei a atuação de Meryl Streep um pouco acima do tom, se deixando levar pelo overacting e pelo gosto da estridência. Mas tem crédito. E muito.
sábado, 31 de janeiro de 2015
2528 - ÀLBUM DE FAMÍLIA
ALBUM DE FAMÍLIA (AUGUST: OSAGE COUNTY, USA 2013) – Roupa suja se lava em casa, costuma-se dizer. Neste filme, perturbador e incômodo, ao mesmo tempo com um pé no exagero, Meryl Streep, como sempre, nos faz pensar que a vida, quando encapsulada num roteiro de filme, pode mesmo ser assustadora. Ela é uma mãe infernal (bebe, toma remédios sem parar, dirige devagar demais para o gosto de alguns) que, no fim da vida, decide fazer um acerto de contas com as filhas, situação que provavelmente parecerá familiar aos seus colegas da geração "baby boom" (norte-americanos nascidos entre 1946 e 1964). Claro que não dá para ficar indiferente à boa atuação de Julia Roberts, Sam Shepard, Chris Cooper, entre outros, mas alguma coisa em ÁLBUM DE FAMÍLIA - o título em português é perfeito, mais do que o culturalmente referente original – soa dramático demais, mesmo para o gosto atomista do escritor Tracy Letts, de cuja peça homônima o filme foi adaptado. Não sei, mas John Steinbeck me veio à mente o tempo todo, o que pode referendar ou não o filme. Ainda não decidi. De qualquer forma, o formato teatral de ÁLBUM DE FAMÍLIA permite ao filme se concentrar em duas horas seu comentário desolador sobre o significado que a família pode adquirir: não uma congregação de indivíduos que se apoiam apesar das divergências, como idealmente se espera, mas uma estrutura montada para que pessoas infelizes possam infligir sua infelicidade sobre as outras e assim perpetuá-la geração após geração. Uma nota: ao rever o filme, realmente achei a atuação de Meryl Streep um pouco acima do tom, se deixando levar pelo overacting e pelo gosto da estridência. Mas tem crédito. E muito.