sábado, 31 de janeiro de 2015

2545 - O ATENTADO

 
O ATENTADO (THE ATTACK, França, 2012) – O renomado cirurgião árabe Amin Jaafari vive em Israel e tem um casamento feliz com Siham, uma cristã palestina. Até que recebe a notícia de que uma bomba explodiu num restaurante, matando e ferindo dezenas de pessoas, inclusive crianças. Seu mundo rui quando é informado de que a responsável pelo atentado foi sua mulher. Inicialmente, Amin se recusa a acreditar nas autoridades israelitas, mas começam a surgir provas inegáveis de que Siham foi mesmo a autora da explosão. Ao se dirigir para a Cisjordânia, onde se encontra com um cunhado e dois sobrinhos (um deles envolvido com a organização de Siham), o cirurgião fica chocado ao descobrir que a falecida mulher é venerada como uma mártir pelo povo local. A convivência de Amin com a imagem da esposa é muito interessante, sempre procurando proteger as boas memórias que guarda dela e os retratos físicos da amada, algo visível quando pega na moldura com a fotografia de Siham que se encontrava no chão e a coloca à mostra na estante. Mais do que uma mera fotografia, este retrato conserva uma imagem de momentos de felicidade, de um casamento marcado por um segredo devastador descoberto no leito da morte, mas um notório amor e cumplicidade durante a vida. O diretor Ziad Doueiri aborda estas temáticas de forma humana e delicada, explorando as intolerâncias mútuas entre israelitas e palestinianos, mostrando que muito os divide e pouco os parece conduzir a uma paz, conduzindo a ataques extremistas como o protagonizado por Siham. Sem criticar os personagens que permeiam a narrativa, nem fazer a apologia dos mesmos, Ziad Doueiri exibe em "O Atentado" que existe algo de muito mais complexo para além dos estereótipos associados aos ataques terroristas e às questões relacionadas com Israel e Palestina. O filme revela-se uma obra competente e intrigante, capaz de abordar questões polêmicas e delicadas, enquanto mostra um marido que procura preservar as memórias da sua esposa e preencher os espaços em branco de um casamento terminado de forma dolorosa e sentida.