AMOR SEM FRONTEIRAS (BEYOND BORDERS, USA 2003) – Clive Owen é sempre obrigatório. Na época, ainda pouco conhecido nos EUA, ele divide o protagonismo como Angelina Jolie numa fábula épica sobre o trabalho humanitário nas regiões mais pobres e conflagradas do planeta. Ela é uma socialite que acaba se apaixonando por um médico (Owen) e se junta a ele nos esforços de salvação em países devastados pela guerra. É uma pena que o foco do roteiro mude, depois da primeira metade do filme, para se concentrar no romance, pois o retrato deste tipo de tragédia social, com impressionante riqueza de detalhes, vinha sendo, até então, tão primoroso quanto assustador. Utilizando a miséria alheia como pano de fundo para um romancezinho barato, Amor Sem Fronteiras desperdiça a chance de se tornar um projeto relevante, para, somente, mostrar o belo rosto de Angelina perpassado pela tristeza. Em alguns momentos, o filme parece disposto a discutir temas importantes, como a dificuldade em se levar ajuda a países cujos sistemas de governo desagradam aos Estados Unidos e os dilemas éticos vividos pelos voluntários das ONGs, que devem se abster de qualquer envolvimento com a política local (por mais revoltante que esta seja) para que não haja um comprometimento de seus trabalhos assistenciais – mas não mantém a proposta e a seriedade dá lugar a uma história de amor deslocada e, cá para nós, evidentemente improvável. Foi por casa deste filme que Angelina se engajou em causas similares desde então.