Connery - Oscar para o ator, não para o personagem |
OS INTOCÁVEIS (THE UNTOUCHABLES, USA 1987) – O filme ainda é um razoável exercício de cinema, ao
mostrar a luta de Eliott Ness (vivido com visceralidade impressionante por
Kevin Costner) para prender o mafioso Al Capone (Robert De Niro, implacável),
com a ajuda de um grupo de notáveis: Malone (Sean Connery, soberbo, embora com um
personagem meio improvável numa Chicago tão violenta), Stone Andy Garcia (numa
atuação minimalista e precisa) e Wallace (Charles Martin Smith, num
papel-chave). Os diálogos são tensos e, ao mesmo tempo, engraçados, temperando
a realidade dura daqueles tempos em que a metralhadora falava mais alto, em
qualquer situação. Depois de tanto tempo, no entanto, algumas cenas famosas
apresentam algumas falhas – fica evidente que, por exemplo, na sequência do
carrinho de bebê, na escadaria da estação de trem, Brian De Palma se perde na
edição, travando o clímax, ao fragmentar a ação num ritmo vacilante. Destarte, o
clima dramático se dilui quando o diretor pesa a mão em clichês incompatíveis com
a proposta cinematográfica, como fica evidente na tipificação engessada dos bandidos
e na santificação farsesca dos homens da lei. Eis um filme cuja fama se sobressai
à sua verdadeira qualidade como cinema.