Cumberbatch, talento puro... |
DOUTOR ESTRANHO (DOCTOR STRANGE, USA 2016) – Benedict Cumberbatch é desses atores raros a quem
devemos assistir obrigatoriamente em qualquer filme em que atue. Não bastasse
ter arrasado em SHERLOCK, O JOGO DA IMITAÇÃO e como Khan, em STAR TREK: INTO
DARKNESS, ele agora está mais que perfeito como um super-herói meio improvável,
mas encantador em suas limitações e contradições. Se, antes da transformação,
ele é um neurocirurgião obcecado pelo tempo – tem, inclusive, uma coleção de
relógios caríssimos (afinal, tempo é dinheiro) -, depois que ela acontece, e
ele se vê possuidor de poderes que, ao mesmo tempo, encantam e fascinam, mas
também o deixam um pouco atordoado. É compreensível: afinal de contas, nada
pode nos ferir tanto quanto nossos desejos realizados. Sim, ele pode, enfim,
dominar o tempo, controlá-lo de acordo com sua vontade. Embora haja alguns bons
momentos, o roteiro não me pareceu lá muito inspirador, mesmo com algumas
“boutages” que emprestam graça à história. Tudo muito dentro da fórmula consabida
do herói que inesperadamente se vê com poderes, fica diante de um conflito
maior que ele mesmo, recua e volta no fim para triunfar. Nada contra este tipo
de esquema, não fosse o fato de ser muito repetitivo e, assim, previsível. Por
outro lado, o impacto visual contribui para que a história evolua de modo
agradável – e estou falando tanto sobre os ótimos CGIs quanto o abalo estético
que a presença de Rachel McAdams sempre causa nos filmes em que atua.